Cotidiano

Encontro de bambas passa a limpo a história do samba

Monarco, Bira e Aluisio.jpgRIO – Aos pés do Morro da Mangueira, numa plataforma que ganhou o nome de Jamelão, o encontro entre o portelense Monarco, o imperiano Aluisio Machado e Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do Fundo de Quintal, passa a limpo a história do samba. Aos 83 anos, Monarco lembra seu convívio com os pioneiros do Estácio, que criaram a primeira escola de samba. E atribui a eles as transformações que dariam os tons do gênero nos anos 1920.

? Ouvi o Ismael Silva dizer que, com o ?Pelo Telefone?, ele não tinha como evoluir. Então, ele inventa ?Se você jurar que me tem amor eu posso me regenerar…? ? afirma o portelense, cantarolando. ? O ?Pelo Telefone? merece todo o respeito, porque realmente é um samba. Mas é maxixado, com andamento um pouco mais para trás. Doa a quem doer, foram eles, Ismael, Bide e Marçal, da turma do Estácio, que começaram a dar uma nova roupagem ao samba. Aí, ?depois surgiu a favela, Mangueira e também a Portela? ? diz Monarco, citando trechos de outros sambas.

Monarco, Aluisio Machado e Bira Presidente conversam sobre samba

Na reunião de bambas, os três recordam o passado com nostalgia. Mas quando falam do futuro, não chegam a um termo comum.

Links Especial 100 anos de samba? Antigamente, o samba no terreiro era mais bonito do que hoje. Era no terreiro batido. As pastoras cantavam e o som subia… ?Samba soprado por muitos ares?, era isso. Houve o progresso, é lindo. Mas antigamente existiam coisas puras. Dá muita saudade ? afirma Monarco.

? Eu acredito que a gente vai voltar ao nosso original ? emenda Aluisio.

? Não, não volta. O andamento antigo, não. Queria que voltasse. Mas não volta ? retruca Monarco.

Aluisio encerra o assunto com uma de suas composições:

? ?Quando a escola voltar a ser de sambista, vai dançar quem não souber dizer no pé… A grande pista não foi feita para quem quer?.