Cotidiano

Empresa de Eike foi alvo da 34ª Fase da Lava-Jato

SÃO PAULO. As empresas de Eike Batista foram alvo da 34ª Fase da Lava-Jato, a Arquivo X, deflagrada em setembro passado, que investiga propinas pagas pelo consórcio Integra, que reunia a OSX e a construtora Mendes Junior, deflagrada em setembro passado. Na ocasião, a Polícia Federal apreendeu documentos na sede OSX e em endereços de pelo menos quatro empresas que teriam sido usadas para repassar propina vinculada a um contrato do Consórcio Integra com a Petrobras. O Integra, que tinha como parceiros a OSX e a Mendes Junior, venceu licitação para fazer as plataformas P67 e a P70 e acabou repassando o contrato aos chineses da Offshore Oil Engenieering Corporation em 2015.

Em maio de 2016, Eike havia procurado a força-tarefa da Lava-Jato para prestar um depoimento voluntário, mas não falou sobre pagamentos ao ex-governador Sérgio Cabral. Na época, o empresário contou ter feito pagamento de US$ 2,35 milhões, a pedido do ex-ministro Guido Mantega, ao casal de marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura. O valor seria destinado a pagar dívidas do PT.

Moro acabou revogando a prisão temporária de Guido Mantega porque ele foi localizado pela Polícia Federal num hospital de São Paulo, acompanhando a mulher, durante um tratamento contra câncer. Depois de solto, Mantega chegou a acusar Eike de ter mentido ao dar a versão de pagamento de propina.

Godinho teria falado sobre compromisso entre Eike e Dirceu

Ouvido em setembro passado pela Polícia Federal do Paraná, Luiz Eduardo Carneiro, que presidiu as empresas OSX e OGX, do grupo de Eike Batista, entre 2009 e 2013, afirmou que logo depois que o consórcio Integra venceu a licitação foi chamado a uma reunião na EBX por Flávio Godinho, assessor de Eike, com a presença de Sérgio Mendes, da Mendes Júnior. Segundo ele, Godinho lhe disse que uma terceira empresa entraria no consórcio, com percentual entre 3% e 5%. Carneiro disse ter discordado e ouvido de Godinho que aquele era um “compromisso do Eike” com o ex-ministro José Dirceu.

Carneiro disse que, à revelia dele, a empresa Tecna-Isolux acabou entrando no consórcio com participação de 10%.

O contato entre o consórcio e a Isolux teria sido feito por Júlio César Oliveira Silva, que atuou como diretor de novos negócios da Isolux de 2010 a 2015. A mulher dele, Antonieta Assis Silva, é amiga de infância de Evanise Santos, ex-mulher de Dirceu, e trabalhou na presidência da República de 2010 até julho de 2016 como coordenadora de relações públicas na Casa Civil.

Júlio César também é ligado à ex-ministra Erenice Guerra. Era dela a casa em Brasília onde funcionou o escritório de advocacia de Erenice no Lago Sul, em Brasília. Preso temporariamente na Lava-jato, ele afirmou em depoimento ter comprado a casa por R$ 1,85 milhão e criado uma empresa para administrá-la, a Silver. Segundo ele, até dezembro 2015 o escritório da ex-ministra alugava o imóvel. Em junho passado, afirmou, a empresa Silver foi comprada por José Roberto Campos, marido de Erenice, por R$ 2,4 milhões.