Cotidiano

Empregos na indústria criativa resistem à crise entre 2013 e 2015

RIO – A Indústria Criativa contabilizou 851,2 mil empregos em 2015, avanço de 0,1% na comparação com dois anos antes, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira pela Firjan. Nesses dois anos, o salário médio do setor encolheu em 3,4%, para R$ 6.270, mantendo-se, porém, bem acima do salário médio do mercado formal brasileiro, de R$ 2.451. A recessão e também mudanças de mercado trouxeram modificações no perfil dos profissionais e ocupações que mais crescem, com destaque para as áreas de gastronomia e aquelas focadas em melhorar a experiência de consumo.

? Num contexto de crise, toda expansão em emprego tem de ser comemorada. A renda dos profissionais do setor, na média, é quase estável. E o Rio tem o maior salário dessa indústria no país. A indústria criativa não foge à economia de uma forma geral, mas mostra perspectiva de crescimento em diversas áreas ? pontuou Gabriel Pinto, gerente de Indústria Criativa da Firjan.

A expansão em empregos formais, continua ele, mesmo tímida, ganha relevância na comparação com o recuo de 1,8% nas vagas de emprego no mercado de trabalho brasileiro como um todo entre 2013 e 2015, com o encerramento de quase 900 mil postos de trabalho. A indústria criativa gerou R$ 155,6 bilhões para a economia do país, em linha com o desempenho de dois anos atrás.

São Paulo e Rio de Janeiro concentram mais da metade dos trabalhadores do setor no país, com 328 mil e 99 mil, respectivamente. Do total no Brasil, 80% estão fora das áreas essencialmente criativas e quase um quarto (23,4%) do total de trabalhadores atua na indústria de transformação.

GASTRONOMIA IMPULSIONA EMPREGOS

A pesquisa sustenta que o profissional criativo tem um papel estratégico no atual cenário econômico. Considerando a recessão ? com queda em produção, alta da inflação e do endividamento público, freio em investimento e perda no poder de compra, resultando em recuo em emprego, renda e consumo ? a tendência é que o mercado tenha de fazer cada vez mais com cada vez menos, avançar em eficiência e otimização de recursos e desenvolver métodos e produtos cada vez mais conectados com as necessidades de mercado.

Não à toa, as ocupações que apresentaram maior expansão em postos de trabalho estão concentradas em atividades focadas no aprimoramento da experiência do consumidor. A área de cultura registrou a maior expansão, de 7,1%, puxada pela gastronomia, que avançou 19,2%.

? Tem a ver com essa onda de ?gourmetização?. O avanço em ocupações como chefs de cozinha foi de 43,2%, de enólogos, de 28,7% ? contou Pinto, que reconhece que a queda na remuneração média dos profissionais criativos é consequência da expansão em empregos em áreas de salários de menor valor.

O Rio continua a ser o estado com o maior salário médio na indústria criativa, de R$ 9.826, um recuo frente aos R$ 10.437 de 2013.

? O Estado do Rio sofre consequências da crise no setor de óleo e gás e da construção civil, impactando a ocupação em áreas como a arquitetura, que caiu 8,8%, e em pesquisa e desenvolvimento ? conta Pinto.

Houve também mudança no perfil de empregos devido à adoção de novas tecnologias e mudanças de mercado. No setor de audiovisual, por exemplo, caiu a contratação de profissionais como fotógrafos (-9,2%), montadores (-28,4%) e finalizadores de filmes (-50%). No cinema, recuaram postos como os de produtor cinematográfico (-12,7%), cenógrafo de cinema (-20%), em contrapartida, cresceram outros como produtor de televisão (9,8%) e diretor de programas de TV (5,7%), impulsionados pelo aumento da produção de conteúdo para TV.