Cotidiano

Emílio Odebrecht depõe em Brasília sobre ex-presidentes

BRASÍLIA – O presidente do Conselho da Odebrecht, Emílio Odebrecht, principal responsável pela decisão que levou a delação dele e mais 76 executivos da empreiteira, está prestando depoimento na Procuradoria-Geral da República. Este seria o segundo depoimento do empresário, desde o início da rodada de interrogatório dos executivos da Odebrecht. Mais de 80 procuradores estão interrogando executivos da empreiteira em 29 cidades.

Pelo que ficou acertado no acordo de delação, o empresário deverá falar sobre a atuação da empreiteira durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outras administrações passadas. Deverá ainda discorrer sobre as relações da cúpula da empresa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. São informações que vão além do pagamento de obras em um sítio em Atibaia, onde o ex-presidente costumava frequentar.

Pelo acordo firmado com a Procuradoria-Geral da República, Emílio Odebrecht, pai de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, será punido com quatro anos de prisão domiciliar. Antes de começar a cumprir a pena, ele terá um ano livre para tocar a empresa. A medida foi considerada essencial no desfecho do acordo. O empresário alega que, sem ele no comando, a empresa quebraria.

Os procuradores acharam a argumentação razoável e concordaram em prorrogar o prazo para o início do cumprimento da pena. Em Curitiba, Marcelo Odebrech confirmou o conteúdo da delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, divulgado na semana passada. Melo acusou o presidente Michel Temer de pedir dinheiro ao então presidente da Odebrecht numa reunião no Palácio do Jaburu em maio de 2014.

Parte do dinheiro teria sido entregue em espécie no escritório do advogado José Yunes, assessor especial de Temer na presidência da República. Ex-tesoureiro do PMDB em São Paulo, Yunes é amigo de Temer há 40 anos. Cláudio Melo também disse que fez pagamentos destinados a mais 53 políticos, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá PMDB-RR)