Cotidiano

Em volta à Câmara, Cunha se isola e evita contato visual com deputados

eduardo cunhaBRASÍLIA ? A Comissão de Constituição e Justiça se deparou nesta terça-feira com um Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aparentemente tranquilo e confiante. O ex-presidente da Câmara foi um dos primeiros a chegar para a sessão que poderia definir seu futuro como parlamentar. Mas, antes de entrar no plenário 2 do corredor das comissões, Cunha teve que ouvir um protesto solitário de um servidor da Câmara. “Bandido” e “vai para a cadeia” foram algumas das palavras ditas pelo manifestante.

Cunha 12/07

Ao chegar ao plenário da comissão, em pé e sozinho, Cunha esperou pacientemente pelo início da sessão. Deputados desafetos do ex-presidente da Câmara riam da cena e pediam para fotógrafos e assessores que tirassem várias fotos. Pouco antes de começar a sessão, ele conversou ao pé de ouvido com o presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR) e com Paulinho da Força (SD-SP). A todo momento, Cunha fazia questão de cobrir a boca, para evitar uma possível leitura labial de suas falas.

Quando o relator do recurso apresentado pela defesa de Cunha chegou, o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), Cunha o cumprimentou rapidamente e não o envolveu na conversa. Ao longo da sessão, o parlamentar evitava contato visual com os demais deputados, fossem eles desafetos ou aliados. Olhava para os cantos, mexia no celular ou consultava o advogado. O único deputado que Cunha fez questão de prestar atenção foi Carlos Marun (PMDB-MS). O ex-presidente da Câmara só tinha olhos para ele, que, quando falava, fazia com que Cunha esboçasse um leve sorriso.

Quando começou a se defender, Cunha deslanchou. Pouco interrompido pelas quase três horas de defesa, ele não se perdeu no discurso. Irônico, passou a cutucar seus adversários. Lembrou que ele não é único deputado que carrega um inquérito nas costas. Não perdeu a oportunidade de atacar o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA). Disse que Araújo estava emocionado com o momento que vivia, pois não teve a mesma oportunidade em todos os mandatos anteriores.

Quando acabou a sessão, enquanto adversários o atacavam em entrevistas coletivas, Cunha abraçava filhos de uma servidora da Câmara que conseguiu furar o bloqueio da forte segurança do parlamentar. Já indo embora da Câmara, Cunha afirmou que voltar à Casa como ex-presidente não o incomodava. Segundo ele, já tinha dado adeus ao cargo na última quinta-feira. Ele lembrou que ainda irá aparecer outras vezes na Câmara, seja para se defender ou para cumprir o mandato.

*Estagiário sob supervisão de Paulo Celso Pereira