Cotidiano

Em quase 20 anos: Mortalidade materna recua 27% no Paraná

De 1996 a 2015, o Paraná conseguiu reduzir a mortalidade materna em 27%, conforme mostram os dados do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), passando de 113 para 82 mortes por ano entre gestantes. Considerando dados da Secretaria Estadual da Saúde, que englobam também o ano de 2016, a queda chega a 29%.

Segundo o Ipardes, as principais vítimas foram as gestantes entre 30 e 34 anos. Nesse caso, 404 mulheres perderam a vida por conta de alguma complicação durante a gravidez ou o parto. Em seguida, estão as mulheres entre 25 e 29 anos, com 402 mortes desde 1996. Outras 362 vítimas possuíam entre 20 e 24 anos. Há ainda 334 gestantes de 35 a 39 anos, 257 entre 15 e 19 anos, outras 124 na faixa etária dos 40 a 44 anos, 22 de 45 anos a mais e 20 entre dez e 14 anos.

De acordo com a coordenadora estadual do programa Rede Mãe Paranaense, Debora Bilovus Souza, embora ainda sejam registrados óbitos maternos, o que vem contribuindo para que os índices reduzam anualmente são os trabalhos voltados à atenção especializada, inclusive na rede primária de atendimento, que ocorrem nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde). “A base do programa é estabelecer um pré-natal de qualidade, desde o momento da descoberta da gravidez até o nascimento do filho. Na rede, as gestantes atendidas têm garantido pelo menos sete consultas e 23 exames. Além disso, há um diferencial que impacta determinantemente na redução da mortalidade, que é a estratificação de risco da gestante”, relata Debora.

A estratificação de risco identifica, ainda nas primeiras consultas, problemas de saúde que possam interferir no parto, determinando assim, um acompanhamento de maior complexidade, caso necessário. Nesse grupo incluem-se gestantes de risco habitual (faz o pré-natal em uma UBS e se mantém vinculada a uma maternidade); a gestante de risco intermediário (adolescentes, mulheres que vivem em ambiente de vulnerabilidade social, baixa escolaridade etc), que terá acompanhamento com especialistas, e a gestante de risco alto, que já apresenta algum tipo de doença ou possui mais de 40 anos. Nesse último caso, a mulher é encaminhada no momento do parto, por meio do Mãe Paranaense, a uma maternidade com estrutura de UTI, além de ter acompanhamento médico especializado em toda a gestação. “Tudo isso faz com que a mortalidade caia”, ressalta a coordenadora.

Debora garante que todas as gestantes paranaenses são estratificadas e vinculadas a um hospital de referência. Em todo o Estado, 160 hospitais realizam partos.

CAUSAS

As causas mais comuns das mortes ocorrem por conta de hemorragias e complicações durante a gestação, como casos de eclampsia, quando ocorrem convulsões associadas à hipertensão arterial no fim da gestação, e a pré-eclampsia, um transtorno caracterizado pelo aumento na pressão arterial.

Mortes por faixa etária

10 a 14 20

15 a 19 257

20 a 24 362

25 a 29 402

30 a 34 404

35 a 39 334

40 a 44 124

45 a mais 22

*Dados por faixa etária de 1996 a 2014

Fonte: Ipardes

Taxa de mortalidade é de 46,5 mortes a cada 100 mil gestantes

Conforme Debora Bilovus Souza, a taxa de mortalidade média estadual em 2016 foi de 46,5 óbitos a cada 100 mil mulheres. Em 2010, a razão de mortalidade era de 65,1. Segundo ela, foram salvas neste período 816 vidas entre bebês e gestantes.

No Oeste, a taxa de mortalidade materna nas regionais de saúde difere. Na 10ª Regional de Cascavel, o índice chega a 51,3 óbitos a cada 100 mil gestantes. Já na 20ª Regional de Toledo, a taxa é de 54,68 mortes por 100 mil gestantes. Em Foz do Iguaçu, a 9ª Regional apresenta o menor índice de mortalidade materna, com 31,84 casos a cada 100 mil mulheres.

Sem óbitos

A pesquisa do Ipardes mostra ainda que de 1996 a 2015, 210 gestantes morreram no Oeste. O número representa 10,4% dos casos registrados em todo o Paraná. Ainda conforme o levantamento, apenas 14 cidades do Oeste não registraram óbitos maternos nesses 19 anos. São elas: Anahy, Boa Vista da Aparecida, Campo Bonito, Diamante do Sul, Entre Rios do Oeste, Iguatu, Itaipulândia, Mercedes, Missal, Nova Santa Rosa, Pato Bragado, Quatro Pontes, Ramilândia e Santa Tereza do Oeste.

Prevenção

Um exemplo de que gravidez é também sinônimo de saúde foi dado pela mãe Juliane de Camargo Silveira. Ela, que há quase dois meses deu à luz a Julian, conta que nunca faltava às consultas e aos exames. “Minha gravidez foi bem tranquila, sem nenhuma complicação. Engordei apenas seis quilos e evitava comer doces. Além disso, desde que descobri que estava grávida fazia os exames e iam a todas as consultas”, relata.

Reportagem: Marina Kessler