Cotidiano

Em liberdade, presidente das Mães da Praça de Maio se recusa a depor

201608041941349447_AP.jpg BUENOS AIRES ? A presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, continua sem prestar depoimento na Justiça e em liberdade. Nesta segunda-feira, era esperado que o juiz Marcelo Martínez de Giorgi, que investiga uma suposta fraude ao Estado estimada em US$ 50 milhões por parte da Fundação Mães da Praça de Maio, procurasse Hebe pessoalmente para exigir a realização do depoimento, mas o magistrado não adotou qualquer medida em relação à presidente da ONG. Em entrevista a meios de comunicação locais, Hebe disse que está disposta a receber o juiz, mas não a ser interrogada.

A fundação das mães argentinas está sendo acusada de ter utilizado um programa de construção de casas populares para apropriar-se ilegalmente de cerca de US$ 50 milhões. Hebe é uma das acusadas, junto com ex-funcionários do governo Kirchner, entre eles o ex-ministro do Planejamento, Julio De Vido, que prestou depoimento nesta segunda.

Na saída, o ex-ministro disse que o kirchnerismo está sofrendo uma ?perseguição política por parte do Executivo?.

? Peço que este caso não seja usado para manchar sem justificação o nome de Bonafini, das Mães da Praça de Maio e de todos os esforços realizados ? declarou De Vido.

O ex-ministro já foi processado em outros casos de corrupção e está sendo investigado em vários outros. Um dos principais funcionários de sua equipe, o ex-secretário de Obras Públicas José López, foi preso em junho passado tentando esconder mais de US$ 9 milhões num mosteiro.

Os casos judiciais envolvendo kirchneristas estão avançando nos tribunais de Buenos Aires. Nesta segunda-feira, fracassou uma mediação entre a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) e a deputada Margarita Stolbizer, que acusou a ex-chefe de Estado de suposta lavagem de dinheiro, associação ilícita e enriquecimento ilícito. Cristina e Margarita compareceram à mediação, mas preferiram não se encontrar.

Pouco depois, a deputada apresentou um novo recurso à Justiça pedindo que a ex-presidente seja intimada a depor, assim como seu filho mais velho, Máximo Kirchner. Já Cristina denunciou Margarita por suposta associação ilícita. O pedido da ex-presidente esteve baseado num tweet escrito pela deputada Elisa Carrió, que afirmou que a denúncia de Margarita contou com a colaboração do Grupo Clarín e do juiz Claudio Bonadio, encarregado de um dos casos envolvendo a ex-chefe de Estado.