Cotidiano

Em encontro com senadores, Dilma diz ser contra 'medidas radicais'

BRASÍLIA – Em encontro com senadores na noite desta terça-feira, a presidente afastada Dilma Rousseff se mostrou preocupada com os primeiros anúncios feitos pelo presidente interino Michel Temer (PMDB-SP), mas estava serena e disse ser contra “medidas radicais” que possam incendiar ainda mais o país, citando como exemplo ocupações encampadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

? Ela chegou a falar que não concorda com medidas mais radicais, ela é contra, por exemplo, fazer ocupação. Ela disse que tem que enfrentar o golpe, mas pelas vias que não prejudiquem mais o país ? contou o senador Jorge Viana (PT-AC).

O MST ocupou por cinco dias a Fazenda Esmeralda, localizada em Duartina, interior de São Paulo, e que pertence a um amigo de Michel Temer. A decisão ocorreu após o Incra se comprometer a monitorar a pauta proposta pelo MST e a apresentar um retorno em 15 dias. Os pedidos do grupo incluem o assentamento imediato, através das cinco mil famílias acampadas no estado de São Paulo. A desocupação ocorreu de forma pacífica. A Fazenda Esmeralda está em nome da empresa Argeplan, ex-coronel da Polícia Militar e amigo do presidente interino Michel Temer. O nome de Lima foi citado na Operação Lava-Jato pelo empresário José Antunes Sobrinho, da Engevix. Em delação premiada, ele disse ter estado com Lima Filho e Temer por duas vezes para tratar de um contrato de R$ 162 milhões na Eletronuclear.

Segundo relatos de petistas, Dilma estava preocupada, mas ainda aparentava estar “forte” e “serena”. Ela esteve com parlamentares para agradecer os votos de cada um deles contra o impeachment no Senado e aqueles que ficaram ao seu lado “até o fim”. Ela afirmou que compreendia também aqueles que não compareceram para votar, o que também favorecia o governo.

A presidente afastada deve organizar outros encontros com senadores que não puderam estar presentes ontem, por estarem fora de Brasília, caso do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que está em Portugal.

O senador Jorge Viana se mostrou otimista com a possibilidade, ainda que remota, de Dilma voltar à Presidência:

? Por que não? Isso é parte de um processo traumático e achamos que ainda tem muita coisa pela frente. Esse impeachment é muito grave, um interino que agora desmonta estrutura do estado brasileiro.

O petista questionou a interinidade de Michel Temer, que já está “demitindo do garçom até gente com mandato”:

? Será que governo interino pode fazer isso, demitir do garçom até gente que tem mandato, um desmonte completo da estrutura do estado? Que interinidade é essa? O Brasil pegou um caminho muito difícil, e lamento, porque o discurso (de Temer) era de pacificar o país.