Cotidiano

Em dois anos de califado, EI compensa perda de território com atentados

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RIO ? Nesta quarta-feira, completam-se dois anos desde que o líder terrorista Abu Bakr al-Baghdadi declarou o califado do Estado Islâmico (EI). Criado em 2013, o grupo extremista cresceu como um braço da al-Qaeda no Iraque. Em junho do ano seguinte, após os dois grupos romperem os laços, os grupo de jihadistas adotou o novo nome e anunciou que iria impor o monopólio de seu domínio pela força. Hoje, um dos grupos mais perigosos do mundo já reivindicou a autoria de uma série de grandes atentados terroristas, que já mataram milhares de pessoas em diversos países. E, apesar de algumas derrotas no controle do seu território, o grupo renova suas estratégias com as ameaças de ataques pelo mundo.

Desde 2014, o grupo terrorista trabalha para avançar sobre a Síria, país que enfrenta uma brutal guerra civil há cinco anos, e o Iraque, cujo território é marcado por profundas divisões e instabilidade. Uma coalizão liderada pelos Estado Unidos, apoiada pelos governos iraquano e líbio, luta contra a expansão jihadista na região.

Recentemente, as operações militares realizaram ofensivas bem sucedidas para retomar redutos do grupo extremista ? como foi o caso, neste mês, da cidade iraquiana de Faluja. Mas, embora o Estado Islâmico já tenha perdido um terço do seu território, autoridades americanas e britânicas afirmam que o combate ao grupo terrorista ainda está longe do fim.

Segundo analistas as ameaças de atentados terroristas são o grande enfoque estratégico atual do grupo, que vem perdendo território na região da Síria e do Iraque e assistindo ao crescente número de deserções de seus combatentes.

A violência brutal dos jihadistas já matou milhares de pessoas na Síria, no Iraque e na Líbia. Frente ao cenário de caos humanitário, milhões de pessoas já tiveram que deixar suas casas. Os ataques do EI e do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, levaram à maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

O Estado Islâmico conseguiu exportar sua abordagem terrorista pelo mundo, influenciando outros grupos extremistas. Dentre eles, incluem-se o Boko Haram, na Nigéria, que declarou sua aliança a al-Baghdadi. Nos últimos meses, os jihadistas assumiram atentados que deixaram marcas de terror na Europa ? incluindo nas capitais Paris e Bruxelas. Neste mês, o atirador Omar Mateen jurou fidelidade ao grupo quando matou 49 pessoas em uma boate gay de Orlando, no maior ataque armado da História dos EUA. Autoridades acreditam que ele tenha se radicalizado pela internet, uma das principais ferramentas de propaganda do EI.

Além disso, o já conhecido drama das crianças-soldado ganhou uma nova dimensão com o avanço do EI ? num ritmo muito mais veloz do que se esperava. Um relatório divulgado em fevereiro pelo Centro de Combate Terrorista, da Academia Militar West Point, nos EUA, revela que o recrutamento infantil para a linha de frente jihadista havia alcançou níveis sem precedentes no ano anterior, seguindo a tendência contrária a de outros grupos extremistas pelo mundo. A estimativa é que a taxa mensal de crianças e adolescentes mortos em missões do Estado Islâmico tenha dobrado entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2016.