RIO ? Leonard Cohen preparou sua despedida. Ao escrever uma carta para Marianne Ihlen, sua ex-mulher, que morreu em julho deste ano, o cantor, compositor e escritor canadense previa sua partida para breve. Marianne foi a musa inspiradora de uma de suas mais icônicas canções, “So long, Marianne”, de 1967.
Este ano, ela foi diagnosticada com leucemia e morreu logo depois. Ao saber da doença, Cohen escreveu uma emocionada carta, divulgada pela família dela. No texto, Cohen não se despedia apenas do antigo amor, mas também antecipava sua própria partida.
?Bem, Marianne, chegamos a esta época em que somos tão velhos que nossos corpos caem aos pedaços; acho que a seguirei muito em breve. Saiba que estou tão perto de você que, se estender sua mão, acredito que poderá tocar a minha. Você bem sabe que sempre a amei por sua beleza e sua sabedoria, mas não preciso me estender sobre isso, já que você sabe tudo. Só quero lhe desejar uma boa viagem. Adeus, velha amiga. Todo o amor, a verei pelo caminho?.
Apesar de ter brincado, na coletiva de imprensa para divulgar “You want it darker”, seu disco mais recente, que pretendia viver até os 120 anos, em outras entrevistas Cohen admitia a proximidade da morte. À “New Yorker”, disse que estava pronto para morrer: “Espero que não seja tão desconfortável. Para mim, é sobre isso que se trata.”
Na faixa título, que abre o novo disco, lançado ha menos de um mês, em 21 de outubro, Cohen também preparou o terreno, como num réquiem para si mesmo. Misturando palavras em inglês e em hebraico, diz: “eis me aqui / estou pronto, Senhor”.
