Cotidiano

Em Curitiba, manifestantes fazem ato de apoio à Lava-Jato na frente da Justiça Federal

CURITIBA – Cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), se reuniram na frente e nas adjacências da sede da Justiça Federal em Curitiba, na tarde deste domingo, para manifestar apoio à Lava Jato e contra as alterações promovidas pela Câmara Federal no projeto das “10 medidas contra a corrupção”. Para os organizadores do ato, o número de participantes chega a 40 mil ao longo do dia.

Um caminhão de som foi instalado em frente ao prédio da Justiça, no bairro Ahú, de onde despacha o juiz Sérgio Moro, encarregado pelos processos da Lava Jato na primeira instância. No microfone se revezam organizadores de movimentos favoráveis à Lava Jato, dirigentes do G7 do Paraná — como a Federação da Indústrias (Fiep) e Associação Comercial (ACP) — e até personalidades como o lutador Vanderlei Silva, que cantou o hino nacional em cima do carro de som ao lado do filho Thor, de 13 anos.

– Eu sempre trago o meu filho nos protestos porque precisamos educar a próxima geração. Hoje em dia só tem jovem invadindo colégio. Quando era jovem eu era de esquerda, mas agora não tem mais esquerda, não tem direita, não tem nada – disse o lutador.

Desde o inicio do ato, às 15h, são entoados gritos fortes de “Fora, Renan”, em alusão ao presidente do Senado Renan Calheiros, que parece ser o principal alvo da vez, e também pedindo o fim do foro privilegiado para políticos.

– Os políticos estão amedrontados por causa da delação da Odebrecht, que vai pegar muita gente. Eles estão dando um jeito de se safar. Temos que nos organizar para que a Lava Jato continue. O Sérgio Moro e o Deltan [Dallagnol, procurador da força-tarefa do Ministério Público Federal] pediram para o povo ir pra rua. Estamos aqui por isso – disse Cristiano Roger, coordenador do movimento Curitiba Contra a Corrupção.

A maioria do público usa camisetas do Brasil e com a estampa do símbolo criado para representar a “República de Curitiba”. Vendedores ambulantes vendem bandeiras do Brasil e apitos nas cores verde e amarelo. A PM cercou 5 mil metros quadrados do entorno desde às 14h30. O tempo em Curitiba estava chuvoso até o fim da manhã, mas o sol abriu por volta das 14h.

– O tempo melhorou e o povo foi pra rua. Vamos ficar aqui garantir a segurança da manifestação democrática – comentou o capitão Carlos Laudevir, responsável pelo policiamento. Não houve ocorrências policiais, segundo a PM.

A família de Adenilson Lorkievcz fez uma vaquinha na última semana para fazer uma faixa de apoio à operação. Cada um gastou R$ 150.

– É a primeira vez que a gente vem protestar. É que ficamos muito indignados, é a primeira vez que ficamos tão indignados assim – conta o empresário, sobre a votação de madrugada que alterou vários do projeto anticorrupção.

Já o cobrador de ônibus desempregado Osny Gouveia Bezerra fica emocionado ao falar com a reportagem.

– Estamos indignados porque fomos enganados. Na calada da noite, com o país em luto, eles fazem o que querem. É triste”.

Havia a expectativa de que o juiz Sérgio Moro ou algum representante do MPF comparecesse ao protesto, mas isso não ocorreu. Segundo a organização, alguns juízes estaduais estavam no público, mas nenhum subiu no carro de som ou quis ser identificado.