Política

Em crise cambial, Argentina pede ajuda ao FMI

Buenos Aires – O presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou ontem que, devido à disparada do dólar semana passada e às dificuldades do governo em proteger a moeda argentina de uma desvalorização ainda maior, decidiu iniciar conversas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) "para alcançar um acordo que permita superar as turbulências cambiárias dos últimos dias." Macri disse que tomou a decisão para proteger o salário dos argentinos.

O dólar, que se valorizou mais de 5% ante o peso na última semana e começou o dia de ontem em 23,5 pesos, caiu logo após a transmissão para níveis de 22 e o governo espera que caia ainda mais nos próximos dias.

Ao explicar a razão dos últimos acontecimentos, responsabilizou o estado da economia que recebeu do kirchnerismo em 2015 e “a fragilidade de nossa moeda diante do cenário internacional em transformação”.

As conversas com o FMI, explicou, teriam como objetivo “que nos outorguem uma linha de apoio financeiro”.

Em tom moderado, Macri disse que a conversa com Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, foi para pleitear uma medida preventiva e que a equipe econômica não abandonaria a linha iniciada em dezembro de 2015.

Ele fez o possível para demonstrar tranquilidade. “Ela [Lagarde] nos confirmou que vamos começar hoje [ontem] mesmo a trabalhar num acordo.” E terminou lançando farpas a Cristina Kirchner: “Jamais vocês voltarão a ser enganados, a ser levados a acreditar em soluções mágicas, a acreditar que aquilo que te dão pode ser permanente”, referindo-se aos generosos subsídios que se mantiveram durante o governo anterior.

Taxa de juros

Na sexta-feira (4), o banco central argentino anunciou o terceiro aumento de juros em uma semana, para tentar conter a forte desvalorização do peso em relação ao dólar e à inflação, que continua acima da meta estabelecida pelo governo para 2018 de 15% – está ao redor dos 20%. A taxa de juros básica passou de 30% para 40% ao ano em uma semana.

Macri defendeu que o governo seguirá com sua política econômica gradualista, de não fazer ajustes bruscos. Mesmo porque, segundo analistas, isso também seria impossível, uma vez que cerca de 37% do orçamento anual é destinado a gasto público que o governo resiste em cortar, ou porque recebe demasiada pressão por parte de sindicatos ou por medo de perder apoio político.