Policial

Em áudio, presos ameaçam ?virar? 15ª SDP e PEC

Detentos de Cascavel fizeram paralisação após morte de companheiro de cela

Cascavel – Convivendo com a superlotação do sistema penitenciário e carcerário há anos, Cascavel vive a cada dia um desafio: evitar que novas rebeliões como a ocorrida em agosto de 2014 se repitam. A solução para os problemas está na finalização da reforma da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) e a demolição da carceragem da 15ª SDP (Subdivisão Policial).

E a situação caótica piorou muito com dois fatos dentro da carceragem ocorridos na última semana: um detento ficou cego de um olho e perdeu 70% da visão de outro após ser atingido por uma arma não letal ao tentar fugir da cadeia; e ainda a morte de um detento no Hospital Universitário por pneumonia.

Esses fatos desencadearam uma paralisação dos detentos da cadeia, que só decidiram voltar às atividades normais, como, por exemplo, sair para audiências de custódia, receber advogados e deixar as celas para ir ao pátio, na sexta-feira, com a visita do juiz titular da VEP (Vara de Execuções Penais), Paulo Damas.

Em um áudio recebido por O Paraná, um preso fala que, caso a situação na cadeia e na PEC não “se resolva” com a paralisação, os detentos vão “virar” as unidades prisionais. Num dos trechos o homem cita que, se o pessoal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Direitos Humanos e do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná) não derem atenção aos presos, os detentos prometem agir de outra forma. “Vamos agir de outra forma na região da 45, todas as cadeias em sintonia. Se não der atenção o pessoal vai pra rua, vai virar as cadeias, vai ter rebelião, agente e polícia vão pagar pela opressão”.

Conforme um agente penitenciário, que por questões de segurança não será identificado, os presos estão revoltados com a implantação da SOE (Seção de Operações Especiais) em Cascavel. “A base deles será na PEC e eles já estão trabalhando. Como a equipe não concorda com muitas coisas erradas dentro das unidades prisionais, que estão dominadas pela criminalidade, eles decidiram se manifestar de alguma forma”.

“Vão pagar com a vida”

A revolta citada pelo agente é comprovada em outro áudio recebido. “Estamos no diálogo para resolver a situação de forma pacífica, mas esse grupo SOE que anda encapuzado dentro da cadeia fica só na opressão. A situação vai ficar radical”. O detento diz inclusive que além deles, familiares estão sendo oprimidos. “Se não melhorar a situação, vai ser cobrado com a vida. Vão pagar com a vida”.

Noutro trecho o preso diz que os companheiros estão sendo torturados pelo SOE. “O cara morto no hospital foi devido a espancamentos, ficou meio ruim das ideias. O Paulo Damas se posicionou que o sistema é precário e que vai abrir sindicância para apurar a entrada de celular”.

Outro lado

A reportagem de O Paraná entrou em contato com o Depen sobre os áudios recebidos. Conforme nota encaminhada pela assessoria de imprensa, o Depen cita que não teve acesso aos áudios mencionados e que não atribui credibilidade a eles, uma vez que estes podem ser procedentes de qualquer lugar diverso à carceragem da 15ª SDP. A assessoria cita ainda que o Depen determinou a apuração das denúncias citadas, como também apuração sobre a origem das supostas gravações.

Em relação à morte de um detento por espancamento, o Depen informou que Aureo Jorge Chervinski, de 54 anos, faleceu vitima de pneumonia, conforme informação da Certidão de Óbito.