Política

Em ano de covid, Alep ressarci R$ 13 milhões para deputados

Em ano de covid, Alep ressarci R$ 13 milhões para deputados

Curitiba – Em ano marcado por sessões remotas, quarentenas e até lockdown, de janeiro a novembro de 2020, os 54 deputados estaduais do Paraná gastaram no exercício do mandato quase R$ 13 milhões (exatos R$ 12.939.702,35) com a chamada “verba de ressarcimento”.

O levantamento foi realizado pela Gazeta do Povo com base no Portal da Transparência da Assembleia Legislativa, e divulgado em reportagem assinada por Catarina Scortecci. O portal ainda não informou os dados de dezembro.

Cada deputado tem direito a R$ 31.679,80 de verba de ressarcimento por mês, total de 380.157,60 por ano. Considerando os 54 parlamentares, a Assembleia pode gastar até R$ 20.528.510,40 do seu orçamento anual com isso.

Para ter direito ao dinheiro, o deputado precisa apresentar um comprovante da despesa. Em 2020, pela primeira vez, notas fiscais dos gastos também foram colocadas no Portal da Transparência. São 31 tipos de despesa abarcados pela verba de ressarcimento, que vão desde material de expediente, combustível e alimentação até pesquisas de opinião, passagens, aluguel de escritório e imóvel em Curitiba.

 

Maiores despesas

Somando as despesas de todos os deputados, “locação de veículos” aparece como o maior gasto: foram mais de R$ 2,5 milhões, em 11 meses. Na sequência, estão mais de R$ 2 milhões com “serviços de divulgação da atividade parlamentar”; R$ 1,8 milhão com “serviços técnicos profissionais”, que abarcam serviços de advocacia e de contabilidade, por exemplo, além de serviços de pesquisa de opinião pública; R$ 1,1 milhão com “combustíveis em geral”; e R$ 746 mil com “locação de imóveis para escritórios de representação parlamentar”.

 

Maiores gastões

O campeão de uso da verba de ressarcimento é o deputado Galo (Pode). Ele utilizou R$ 348.338,84 em 11 meses, 99,9% da verba disponibilizada pela Assembleia para o período (R$ 348.477,80). Mais da metade desse valor (R$ 182.460,40) foram para a empresa LOGA 7 Publicidade, de propriedade de Rosana Massolin, ex-esposa de Galo. Juntos, eles têm três filhas e dois netos. Os pagamentos à empresa em 2020 foram a título de “serviços e locação de áudio, vídeo e foto” e “serviços de divulgação da atividade parlamentar”.

À reportagem, Galo disse que não se trata de um dinheiro que ele “pediu ou solicitou”: “Isso está lá. O deputado define se vai usar ou não. Uns não usam e têm aí suas condições e não necessitam dela, da verba pública. Outros, como é o meu caso, usam a verba de ressarcimento e eu acho importante o uso para divulgar o trabalho que eu faço, para dar satisfação à sociedade”. Ele também mencionou a necessidade de viagens à base eleitoral e de “se cercar de bons advogados”. “Um bom advogado sempre pode te dar orientação sobre projetos que você quer levar para frente e encontra barreiras. Isso custa”.

Na ponta de baixo está o deputado Luiz Fernando Guerra (PSL), que gastou R$ 31.905,18 nos 11 meses, o que equivale praticamente um mês de verba. “Tivemos um 2020 atípico por conta da pandemia, com sessões remotas, redução nas viagens por conta do distanciamento social e, por isso, fiz aquilo que entendo ser o correto, gastando naquilo que foi estritamente necessário para o bom andamento do mandato”, justificou Guerra.

 

Do oeste

Outros dois parlamentares também registraram gastos baixos na comparação com os colegas: Rodrigo Estacho (PV) e Mabel Canto (PSC) tiveram despesa de R$ 60.131,90 e de R$ 61.076,02, respectivamente. Os valores são inferiores, por exemplo, aos gastos dos dois parlamentares que exerceram o mandato por menos de seis meses, ambos do oeste.

De Assis Chateabriand, Marcel Micheletto (PL), que se licenciou da Assembleia em meados do ano passado para assumir uma secretaria na gestão Ratinho Junior, gastou R$ 166.768,93. Seu suplente, que assumiu no início de julho, Gugu Bueno (PL), gastou R$ 147.683,65. Considerando apenas a cadeira que ocupam, o gasto foi de R$ 314 mil nos 11 meses.

Micheletto e Gugu estão no grupo de 13 parlamentares que gastaram mais de R$ 100 mil e menos de R$ 200 mil. O maior grupo – com 26 parlamentares – compreende aqueles que gastaram entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Outros 13 parlamentares gastaram mais de R$ 300 mil.

 

 

Deputado           Valor ressarcido

Galo (Pode)       R$ 348.339

Soldado Adriano José (PV)         R$ 345.662

Plauto Miró (DEM)         R$ 337.868

Francisco Bührer (PSD) R$ 332.991

Paulo Litro (PSDB)           R$ 330.117

Tiago Amaral (PSB)         R$ 326.159

Luiz Carlos Martins (PP)               R$ 322.323

Requião Filho (MDB) R$ 315.165

Cristina Silvestri (CDNn)               R$ 315.056

Boca Aberta Jr. (Pros)   R$ 314.235

Cobra Repórter (PSD)   R$ 312.437

Ricardo Arruda (PSL)      R$ 307.953

Coronel Lee (PSL)           R$ 300.614

Delegado Francischini (PSL)        R$ 297.884

Delegado Recalcatti (PSD)           R$ 294.090

Soldado Fruet (Pros)     R$ 282.032

Alexandre Curi (PSB)     R$ 281.531

Luiz Claudio Romanelli (PSB)      R$ 280.334

Jonas Guimarães (PSB) R$ 273.975

Tercílio Turini (CDN)       R$ 270.386

Douglas Fabrício (CDN) R$ 270.247

Alexandre Amaro (Rep)               R$ 268.156

Delegado Jacovós (PL)  R$ 264.365

Delegado Fernando Martins (PSL)          R$ 260.603

Arilson Chiorato (PT)     R$ 253.972

Ademar Traiano (PSDB)               R$ 252.214

Anibelli Neto (MDB)      R$ 251.663

Dr. Batista (DEM)            R$ 240.580

Mauro Moraes (PSD)    R$ 234.532

Emerson Bacil (PSL)        R$ 233.339

Nelson Justus (DEM)     R$ 233.242

Tião Medeiros (PTB)      R$ 233.239

Reichembach (PSC)        R$ 233.113

Professor Lemos (PT)    R$ 228.682

Artagão Júnior (PSB)      R$ 227.880

Gilberto Ribeiro (PP)     R$ 225.244

Hussein Bakri (PSD)        R$ 221.892

Michele Caputo (PSDB)                R$ 204.087

Nelson Luersen (PDT)   R$ 200.535

Do Carmo (PSL)                R$ 188.737

Tadeu Veneri (PT)          R$ 187.204

Maria Victoria (PP)         R$ 181.808

Goura (PDT)      R$ 178.223

Cantora Mara Lima (PSC)             R$ 174.659

Marcel Micheletto (PL) R$ 166.769 (saiu em julho)

Luciana Rafagnin (PT)    R$ 165.987

Subtenente Everton (PSL)          R$ 161.348

Gilson De Souza (PSC)   R$ 149.105

Gugu Bueno (PL)             R$ 147.684 (entrou em julho)

Homero Marchese (Pros)           R$ 127.436

Marcio Pacheco (PDT)   R$ 127.359

Evandro Araújo (PSC)    R$ 103.532

Mabel Canto (PSC)         R$ 61.076

Rodrigo Estacho (PV)     R$ 60.132

Luiz Fernando Guerra (PSL)        R$ 31.905