Cotidiano

Eletrobras quer que União banque distribuidoras do Norte, diz agência

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RIO – A estatal Eletrobras deverá exigir que a União banque investimentos e
custos operacionais de suas distribuidoras de energia mais deficitárias, que
atuam na região Norte, sob o compromisso de prepará-las para a privatização,
afirmou à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.

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A estatal realiza nesta sexta-feira a partir das 14h assembleia de acionistas
para decidir o futuro de suas seis distribuidoras que atuam no Norte e Nordeste,
e as propostas sob a mesa incluem a venda de todas elas ou mesmo a não renovação
da concessão das mais problemáticas ?Amazonas Energia e Boa Vista Energia, que
atuam em Amazonas e Roraima.

No caso da simples não prorrogação dos contratos, o governo seria obrigado a
realizar às pressas uma licitação para escolher um novo operador para as
concessionárias.

Mas essa opção é vista como politicamente muito delicada, segundo duas fontes
ouvidas pela Reuters, o que deverá levar a uma saída que combine um prazo extra
para preparar a venda das empresas e uma salvaguarda ao caixa da Eletrobras, que
quer evitar novas perdas com essas concessões deficitárias.

As distribuidoras da Eletrobras sofrem larga influência de parlamentares e
governadores dos Estados em que atuam ? recentemente, ata de reunião entre
técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) apontou que essas empresas são vistas como “cabides de empregos
para apadrinhados políticos”.

Na última proposta da Eletrobras aos acionistas, consta uma sugestão de que a
estatal se comprometa a vender Amazonas Energia e Boa Vista Energia até 31 de
dezembro de 2017, desde que até lá as empresas recebam “diretamente, da União
Federal ou através de tarifa, todos recursos e remuneração necessários para
operar, manter e fazer investimentos”.

? Essa parece ser a opção que agrada mais gente e é boa para todo mundo ?
afirmou a fonte, na condição de anonimato. ? Tira uma peso das costas da
Eletrobras… e evita o desgaste político ? adicionou.

Antes, a Eletrobras pedia um compromisso do governo federal de aportar R$ 8
bilhões em suas distribuidoras como contrapartida para renovar os
contratos de concessão, vencidos desde 2015.

A opção atualmente em discussão deverá exigir menos recursos da União do que
isso, segundo a fonte, que disse que a decisão final sobre o assunto está nas
mãos do presidente interino Michel Temer e do Tesouro.

? É uma solução
política.

Uma segunda fonte próxima ao assunto afirmou que a opção de simplesmente não
renovar os contratos e obrigar o governo a relicitar as concessões do Amazonas e
de Roraima poderia causar desconforto e desgaste junto às bancadas dessas
regiões no Congresso em um momento delicado para o governo interino.

O Senado deverá decidir em agosto sobre o impeachment da presidente Dilma
Rousseff, afastada desde maio.

? Esses dois Estados têm senadores suficientes para reverter o jogo do
impedimento… a devolução é uma decisão complicada e muito difícil de ser
tomada num momento político como esse ? afirmou.

O governo interino promete uma total reestruturação da Eletrobras, que
passará a ter como presidente o ex-CEO da CPFL, Wilson Ferreira Jr, que assumirá
o posto com a missão de vender ativos para aliviar a atual crise financeira da
maior elétrica do Brasil, que acumula prejuízos de mais de 30 bilhões de reais
em quatro anos.

O governo já agendou para 19 de agosto o leilão da distribuidora Celg-D, de
Goiás, o primeiro desinvestimento previsto para a elétrica federal.