Cotidiano

Eletrobras já fez provisões suficientes para corrupção, diz ministro

SÃO PAULO – As provisões já realizadas pela Eletrobras devem ser suficientes para cobrir o impacto de eventuais perdas por casos de corrupção relacionados à estatal elétrica, disse o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, nesta segunda-feira. Em entrevista a jornalistas após reunião com empresários em São Paulo, ele disse que a Eletrobras não precisará realizar outras baixas contábeis relacionadas a desvios investigados pela Operação Lava-Jato, após uma série de impairments de ativos anunciados em seus últimos balanços.

Os desvios eventualmente detectados em obras da companhia são atualmente alvo de uma investigação conduzida por auditores independentes e pelo escritório americano Hogan Lovells.

Segundo depoimentos colhidos na Lava-Jato, que apura suspeitas de corrupção em estatais, empresas privadas e partidos políticos, teria havido cobrança de propinas por executivos da Eletrobras e membros do governo em empreendimentos como a usina nuclear de Angra 3 e a hidrelétrica de Belo Monte, ambos atualmente em construção.

? Na verdade, a Eletrobras já tem provisionado um bom valor. Pelas informações que a gente tem tanto da auditoria independente quanto das empresas internacionais, o valor que está provisionado é suficiente para cobrir qualquer tipo de prejuízo ? disse o ministro.

De acordo com ele, a companhia estatal trabalha para concluir as investigações o quanto antes e assim poder apresentar em outubro documentos exigidos pelo regulador do mercado acionário americano ? os formulários 20-F da Eletrobras estão atrasados devido à recusa dos auditores em assiná-los antes do encerramento das apurações sobre corrupção.

? Não posso garantir com toda ênfase… mas estamos trabalhando para que todo esse movimento e esse esforço da investigação possa dar o conforto à auditoria independente para assinar o balanço ? disse Coelho Filho.

O atraso na entrega dos formulários ao regulador americano e à bolsa de Nova York fez com que a negociação de ações da Eletrobras nos Estados Unidos fosse suspensa em maio. O ministro disse que a estatal terá seu caso analisado pelo regulador dos EUA, a SEC, em outubro.