Cotidiano

?Ele não brinca quando fala?, disse Schahin sobre Jorge Luz

SÃO PAULO. O empresário Milton Schahin, um dos sócios do Grupo Schahim havia entregado em abril do ano passado ao juiz Sérgio Moro documentos que comprovariam o pagamento de cerca de US$ 2,5 milhões em propina por exigência de Jorge Luz, apontado como operador de propina do PMDB na Petrobras. O valor, segundo ele, teria sido depositado em contas indicadas por Luz. No início desta semana, Schahin assinou acordo de delação com o Ministério Público Federal, ainda não homologado pela Justiça.

Milton afirmou em depoimento a Moro ter ouvido de Luz que o dinheiro seria destinado a Nestor Cerveró, Fernando Soares, o Baiano, Edson Musa e Luis Carlos Moreira. A principal delas é uma conta chamada Pentagram, cujo beneficiário ainda não é conhecido. A outra conta, a Debase, recebeu depósitos para Edson Vaz Musa, gerente da área internacional da Petrobras, já analisados nas investigações da Lava-Jato.

Milton contou que a primeira abordagem para pagamento de propina ao grupo de Jorge Luz foi feita por Fernando Baiano. Edson Musa e o lobista Fernando Baiano disseram Fernando Schahin, filho de Milton, que não haveria como ?fazer negócio? sem pagamento. O rapaz declinou e, segundo ele, Musa chegou a levantar o tom de voz e dizer que iriam procurar quem resolvesse.

Depois dessa conversa, segundo o relato, Milton recebeu o telefonema de Jorge Luz, que pediu que o atendesse. O encontro ocorreu no escritório da Schahin. Luz teria lhe dito que o contrato de fato não sairia se não fizessem pagamento e que deveria pensar logo, pois havia outras empresas interessadas.

“Conheço ele há mais de 20 anos, eu sei que ele não brinca quando fala. Resolvi não correr o risco”, disse Milton Schahin a Moro.

Em 2011, o grupo precisou renegociar pagamentos de leasing com a Petrobras. Milton Schahin disse que Jorge Zelada, que substituiu Cerveró, chegou a lhe pedir US$ 5 milhões para tratar do assunto, mas que ele não pagou. Na avaliação de Milton, sua empresa foi prejudicada, pois a Petrobras cobrou juros absurdamente altos na operação.

O empresário também falou sobre propinas destinadas ao PT. Ele assegurou ao juiz que João Vaccari Neto condicionou apoio político para que a empresa fechasse um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar a sonda Vitória 10.000 à quitação de um empréstimo feito em 2004 em nome do pecuarista José Carlos Bumlai, que era destinado a cobrir dívidas do PT. “Tem uma condição, vocês têm que quitar o empréstimo do Bumlai?, teria dito Vaccari.