Cotidiano

Eduardo Paes afirma que Jogos Olímpicos custarão 35% a menos

RIO – Numa entrevista coletiva que reuniu vários veículos de imprensa estrangeiros, o prefeito Eduardo Paes disse ontem que a Olimpíada não quebrou o Rio e que, embora a maior parte dos investimentos para os Jogos tenha sido realizada pelo município, as finanças da cidade vão bem. Ele apresentou um balanço das contas da prefeitura e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, incluindo comparações com Londres 2012 e Pequim 2008. E, para confirmar seus argumentos, afirmou que, enquanto prepara o evento, a prefeitura reduziu sua dívida para 30,82% das receitas correntes líquidas em abril deste ano, contra 79% em 2008.

ESTADO INVESTIU R$ 10 BI

Além disso, sobre a crise e o decreto de calamidade pública do governador em exercício Francisco Dornelles, o prefeito disse que só podia responder pela prefeitura, sem se aprofundar nas contas do estado. Mas, em repetidas vezes, minimizou o impacto da Olimpíada na crise financeira fluminense. Ele lembrou que os Jogos têm servido de alegação para Dornelles pleitear ajuda financeira da União. Mas defendeu que o evento não pode ser apontado como causa importante da penúria estadual.

— Se alguém tivesse que quebrar por causa da Olimpíada, devia ser a prefeitura, não o governo do estado — disse Paes.

Segundo números reiterados pelo prefeito, o orçamento dos Jogos é de R$ 39,07 bilhões, sendo R$ 16,87 bilhões (43%) de dinheiro público e R$ 22,2 bilhões (57%) privado. Do montante geral, R$ 7,4 bilhões representam os gastos do comitê organizador, de capital totalmente privado. Os outros R$ 31,67 bilhões correspondem a melhorias na infraestrutura da cidade (R$ 24,6 bilhões) e à construção de estádios e arenas (R$ 7,07 bilhões).

Desses R$ 31,67 bilhões, a prefeitura viabilizou, com recursos próprios ou parcerias privadas, a maior parcela, R$ 19,31 bilhões. As demais instâncias foram responsáveis por fatias menores: R$ 10 bilhões do estado e R$ 2,36 bilhões da União. Números que ajudam a desmistificar também, segundo Paes, a ideia de que o país estaria pagando pela Olimpíada do Rio.

— O governo federal foi parceiro, sim. Agradeço ao ex-presidente Lula, à presidente Dilma (Rousseff) e ao presidente interino Michel Temer. Mas não é verdade que a Olimpíada é sustentada por recurso federal — disse Paes que, ao defender o auxílio financeiro da União ao estado, chegou a alegar que a medida seria justa até porque o governo federal não teria entrado “com tantos recursos próprios assim” nos Jogos. — Mas não usemos a Olimpíada para justificar a crise.

CUSTO 35% MENOR

Paes também detalhou a origem dos R$ 7,07 bilhões para erguer estádios e arenas. Segundo ele, apenas 0,1% (ou R$ 7,6 milhões) foram de responsabilidade do estado e, 29,6% (R$ 2,1 bilhões), da União. A maior parte, mais uma vez, foi investida pelo município: 70,3% ou R$ 4,97 bilhões — R$ 732 milhões do Tesouro Municipal —, tendo o Velódromo como a única obra não entregue ainda.

Apesar dos valores bilionários, o prefeito afirmou que a Rio 2016 custará 35% a menos do que o previsto. E, dirigindo-se algumas vezes à imprensa estrangeira, indicou que em outras cidades-sede a variação de orçamento em relação à previsão inicial foi inversa: 35% a mais em Pequim e 133% superior em Londres.

Questionado se a defesa veemente que fez dos Jogos tinha alguma influência do Comitê Olímpico Internacional (COI), Paes disse que em nenhum momento foi procurado. Logo em seguida, voltou a falar das vantagens trazidas pelos Jogos ao Rio. Paes afirmou, por exemplo, que o evento ajudou a aumentar os investimentos na cidade, que saltaram de cerca de R$ 500 milhões, em 2009, para R$ 8,7 bilhões no ano passado.

— Olha que crise, que problema a Olimpíada trouxe para o Rio. Enquanto no Brasil inteiro despencou a taxa de investimento, no Rio cresceu — ironizou ele, apontando motivos para as finanças do município caminharem bem. — A prefeitura reduziu a dívida, fez controle de sua folha de pagamentos e trabalhou sem preconceitos ideológicos, fazendo muitas parcerias privadas.