Cotidiano

Edmar Bacha é eleito para a Academia Brasileira de Letras

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RIO – O economista Edmar Bacha foi eleito, na tarde desta quinta-feira, membro da Academia Brasileira de Letras, em votação no Petit Trianon, no Centro do Rio. O mais novo “imortal” vai ocupar a cadeira 40, que pertencia ao jurista Evaristo de Moraes Filho, morto no dia 22 de julho deste ano. Ao todo, Bacha recebeu 18 votos, contra 15 para Eros Grau.

Nascido em Lambari, Minas Gerais, em 1952, é bacharel em economia pela UFMG e Ph.D. em economia pela Universidade de Yale, EUA. Tem diversos livros e artigos publicados sobre economia brasileira e latino-americana e sobre a economia internacional. Foi presidente do BNDES, do IBGE e da Anbid (atual Anbima). É sócio fundador e diretor do Instituto de Estudos em Política Econômica/Casa das Garças.

Como presidente do IBGE, na década de 1980, participou do Plano Cruzado. Nesse período, escreveu o livro “O fim da inflação no Reino de Lisarb”, numa alusão ao Brasil escrito de trás para a frente. Entre 1993 e 1994, foi membro da equipe econômica que planejou e instituiu, o Plano Real, durante o governo Itamar Franco. Ele costuma afirmar que o apoio da população foi um dos principais fatores para o sucesso no combate à inflação nos anos 90. Já a experiência de planos anteriores ajudou no convencimento de políticos e empresários.

Em 1974, Bacha ganhou notoriedade ao criar a fábula Belíndia para criticar o governo militar. No texto, ele mostrava como o milagre econômico estava levando a uma enorme concentração de renda, fazendo do Brasil um misto de Bélgica com Índia. A repercussão foi tanta que o termo “Belíndia” entrou para o vocabulário econômico, e até hoje é uma das principais referências para se falar sobre as desigualdades no país.

O economista retomou o tema em 2012 no livro ?Belíndia 2.0 – Fábulas e ensaios sobre o país dos contrastes? (Civilização Brasileira), alfinetando as elites que dificultam o mercado aberto às importações. A obra recebeu o Prêmio Jabuti 2013 na categoria Economia, Administração e Negócios. No ano seguinte, em 2014, levou novamente o Prêmio Jabuti, no segundo lugar, com o título “O Futuro da Indústria no Brasil: A desindustrialização em debate”, ao lado de Monica de Bolle.

Bacha é um crítico sistemático do fraco comércio exterior brasileiro e do caráter fechado da economia brasileira. Segundo ele, o país não tem atividade vigorosa de exportação. Recentemente, no Fórum Nacional, no Rio, afirmou que o Brasil é “um anão em exportações”, mas afirmou que se vive hoje a possibilidade de uma maior integração da economia brasileira ao comércio internacional, com a sinalização do novo governo, de que está disposto a avançar com acordos comerciais.