Política

EDITORIAL: Um tratado histórico

Um dos grandes patrimônios brasileiros e orgulho do Paraná, a Itaipu acumula recordes e se mantém como a maior produtora de energia elétrica do mundo. O tratado histórico assinado em 26 de abril de 1973 pelos então presidentes Emílio Garrastazu Médici e Alfredo Stroessner mudou a realidade de toda uma região e garantiu a construção dessa gigante.

O Paraguai, um país de apenas 2,5 milhões de habitantes à época (hoje são 6,75 milhões), unia-se ao já vizinho continental (96 milhões de habitantes, hoje 207 milhões), na empreitada histórica. A construção de Itaipu, que teve início em janeiro de 1975, criou um novo Paraguai, ao mesmo tempo que viria garantir ao Brasil a energia necessária para o seu processo acelerado de industrialização.

Quando o Tratado de Itaipu foi assinado, a economia do Paraguai dependia basicamente do setor primário, com produção rudimentar. Com as obras de Itaipu, o fluxo de capital externo se acelerou rumo ao Paraguai, em múltiplos setores, o que fez o PIB do país crescer à média de 9,8% entre 1974 e 1981. Taxas que, nos anos 2000, só se verificariam na economia chinesa. A agricultura se modernizou, as exportações aumentaram e surgiu uma nova classe média paraguaia.

Documento binacional inédito no mundo, o Tratado de Itaipu é exemplo e modelo de cooperação internacional entre dois países, que permite alavancar o desenvolvimento de cada um deles, respeitando-se a igualdade, sem prevalência ou dominância de uma parte sobre a outra. Se a usina é resultado físico dos ousados projetos das engenharias, sua concepção resulta também de minuciosos estudos e discussões diplomáticas e jurídicas. A "engenharia jurídica", elaborada sempre em conjunto por diplomatas e juristas do Paraguai e do Brasil, constitui-se numa lição de costura geopolítica que gerou a partilha do recurso natural comum aos dois países: as águas do Rio Paraná. (Com informações do diretor-geral da Itaipu, Marcos Stamm)