Política

EDITORIAL: Um Brasil que lembra a Venezuela

Para quem pretendia ser lembrado na história pelas grandes reformas estruturais, acumula mais um marco negativo. Sem dúvida, o Governo Michel Temer será lembrado pela greve dos caminhoneiros, que parou o Brasil e levou perdas ao campo e à cidade.

As reformas não vieram nem virão. As privatizações não acontecerão. E Temer perdeu o restinho da popularidade que persistia.

Temer poderia ter evitado a greve dos caminhoneiros. Não foi por falta de aviso. Preferiu viver no mundinho que acredita que tudo está bem. Onde o emprego voltou a crescer, a economia está saltitante e no Congresso tudo tramita na mais absoluta paz.

Só quem acredita que o povo é feito de borracha não conseguia imaginar que uma hora a corda iria estourar. Afinal, ela já estava roída do lado dos mais pobres há muito tempo. Era uma questão de bom senso estimar que o caos não tardaria a se instalar.

O povo não sabe a força que tem. Talvez nunca precise saber. Mas a qualquer reação, mesmo que não necessariamente organizada, é suficiente para que o governo se lembre disso. Ele sabe a força que o povo tem. E torce para que ele nunca a descubra.

Num cenário onde o presidente do Senado vai para casa em plena quinta-feira e em meio a um país pegando fogo, há de se esperar mais o que?

Boa parte da população não viveu os tempos de Sarney, quando ia para a fila e saía de mãos vazias, sem pão, sem combustível, sem leite.

Em uma semana, o Brasil vive cenas que a própria Venezuela precisou de dez anos para construir. O País precisa ser levado mais a sério! O povo precisa ser levado mais a sério! A Nação precisa ser levada mais a sério!