Política

EDITORIAL: Ser manipulado é uma questão de escolha

A popularização das redes sociais deu voz a uma imensa camada da população, especialmente no Brasil, um dos maiores usuários do Facebook e do WhatsApp. Com eles, as pessoas podem manifestar sua opinião livremente, seja no próprio perfil, seja no perfil do próximo.

Mas essa liberdade toda tem um custo alto: as fake news. Seja por inocência, seja pela crença de “quanto pior melhor é”, as pessoas passaram a acreditar mais em posts anônimos que na mídia formal. E da mesma forma que a recebem, compartilham indiscriminadamente falsas postagens, propagando informações mentirosas como se fossem verdades.

Preferimos acreditar que toda a mídia é manipuladora e passamos a ser manipulados por postagens e mensagens criadas por sabe-se-lá-quem. Desligamos a TV e cancelamos a assinatura de jornais e revistas para nos informarmos em grupos de WhastApp. Tudo sob a falsa sensação de que finalmente somos livres para formarmos nossa própria opinião. Preferimos acreditar em áudios sem identificação a aceitar o que a mídia divulga. Já perceberam como é fácil acreditarmos em algo ruim, catastrófico? Conspiramos o tempo todo com as teorias da conspiração e do caos. Quanto pior, mais verdadeira a postagem parece ser.

E assim vamos ajudando a propagar fake news, passando para frente como se fossem verdades ocultas pela “mídia corrompida e manipuladora”.

As pessoas se esquecem que um veículo de comunicação presta contas diariamente com a população. Quando divulga algo inverídico, precisa se retratar. Sua busca pela veracidade de cada fato é incessante. Checa fontes, investiga denúncias, confere documentos. Se não tem certeza, não divulga. Mas muitas vezes, por não compartilhar de sensacionalismo ou da própria teoria do caos, ou apenas por seguir o que diz a lei e a Constituição, contradiz a opinião pessoal de quem quer “ver o circo pegar fogo” e é então que recebe o estigma de manipulador.