Política

EDITORIAL: Insegurança jurídica

Aos poucos, os brasileiros vão “se acostumando” com as surpresas dos tribunais de Justiça do País. Mas algumas delas arrepiam até os mais incautos do Judiciário brasileiro. Ontem, foi a vez da presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Laurita Vaz, fazer seu desabafo público ao “tumulto processual sem precedentes na história do direito brasileiro”, referindo-se ao episódio protagonizado pelo desembargador Rogério Favreto, do TRF4, que concedeu três vezes a liberdade para Lula no mesmo domingo em que tirou Sérgio Moro das férias e o presidente do Tribunal de casa.

Diz ela que a decisão do plantonista causa “perplexidade e intolerável insegurança jurídica”, e foi tomada por alguém “manifestamente incompetente, em situação precária de Plantão judiciário”.

Se a ela, que convive no meio, causou tamanho espanto e indignação, o que o simples do brasileiro, que não tem filiação partidária nem foi condenado pela Lava Jato pode esperar do sistema?

O episódio de domingo reacendeu paixões partidárias e voltou a dividir o País entre os que querem “Lula livre” e aqueles que “Sou Moro”. Sem razão alguma. O que deveria existir era um entendimento claro da lei, e sua aplicação sem interpretações próprias. Afinal, tratam-se de desembargadores das mais altas cortes do País. O mínimo que se espera é que estejam comprometidos com o País, não com uma sigla ou uma pessoa, seja ela quem for.

Há tempos que algumas correntes tentam ter ouvidas as teses da necessidade de uma reforma do Judiciário. O Brasil é um dos poucos países do mundo em que ministros são vitalícios nos seus cargos. Só deixam a toga quando são aposentados. As próprias “excelências” têm dado exemplos de que seus comportamentos precisam de juízes. E esses juízes são o povo, que está cansado de tanta bizarrice.