Política

EDITORIAL: E quando o salário não chegar?

A incrível distorção que ocorreu com a greve dos caminhoneiros dá uma dimensão do caos social que vive o Brasil. A exemplo do que viraram os protestos de 2013, ninguém mais sabe pelo que está protestando. Virou uma anarquia. Uma bagunça. Um caos. Muitos vivem sem gasolina e sem batata por uma ou duas semanas. Mas e quando o salário não chegar?

Sem faturar há mais de uma semana e acumulando perdas diárias, ontem o setor produtivo do Paraná alertou para o sério risco de não conseguir honrar com os salários na próxima semana, tampouco com o pagamento de impostos. E então? O que vai acontecer?

O comércio varejista nacional estima em R$ 3,1 bilhões as perdas decorrentes com os nove dias da greve dos caminhoneiros. Apenas no Paraná, a indústria registra perdas que ultrapassam R$ 1 bilhão. Quem vai pagar essa conta? Alguém tem alguma dúvida?

O setor produtivo acredita que levará meses até que as consequências dessa mobilização nacional sejam dimensionadas. Hoje já trata o assunto como “catástrofe”.

Afinal, quem ganhou com essa mobilização? Os caminhoneiros conseguiram a pauta que reivindicavam, mas é uma medida paliativa, pois quanto tempo precisarão para recuperar os dez dias que ficaram parados?

Brigar por benefícios pontuais lançando mão de uma greve nacional que prejudicou o País inteiro, o qual tentava se erguer de uma de suas piores crises econômicas, nem de longe é a melhor solução.

Até agora, há apenas uma certeza: todos perderam com esse movimento. E muito. Cada um vai sentir no próprio bolso os resultados. E não serão nada sutis.