Opinião

EDITORIAL: Cataclismo mundial

As primeiras projeções da ONU alertam para o pior: o Brasil vai perder com a guerra comercial mundial por pelo menos cinco anos. Em tudo: PIB, exportações, investimentos e até salários sofreriam. No cenário global, ninguém sairia como vencedor. Nem mesmo o principal “lutador”, o Governo Donald Trump.

As conclusões são do relatório anual da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento divulgado nesta semana. Em cinco anos, a perda para o PIB brasileiro pode chegar a 1,1 ponto percentual, enquanto no mundo as perdas chegarão a 2,7 pontos. Mas engana-se que os exportadores do Brasil lucrarão algo: o segmento deixará de crescer 4,9 pontos percentuais por conta da tensão mundial.

Conforme o estudo, “uma guerra comercial minaria o crescimento, a distribuição de renda e emprego em todos os países, ainda que aqueles mais envolvidos com a elevação de tarifas sejam os mais afetados”.

Isso mesmo! Renda e emprego. Os salários, por exemplo, em cinco anos, teriam uma deterioração de 2,2 pontos percentuais, reforça o estudo.

A ONU classifica o Brasil entre os cinco países considerados vulneráveis, ao lado de Turquia, Indonésia, África do Sul e Argentina.

Para se ter uma ideia, em cinco anos a perda acumulada do PIB desses cinco emergentes seria de até 1,3 ponto. Ou seja, em 2023, em vez de apresentar uma taxa de expansão de 3,2%, o crescimento seria de 2,9%.

A China, maior alvo de Trump, estaria entre as mais afetadas. A proliferação de barreiras pode gerar perda acumulada do PIB até 2023 de 3,9% e queda de 2,4% na taxa de exportação. E os “algozes” também vão sofrer: nos EUA, a perda acumulada do PIB seria de 2,5% em cinco anos, além de 4,8% das exportações até 2023.

Diante de tanto número fica a pergunta: qual a razão mesmo desse embate?