Política

EDITORIAL: Até onde vão os limites

O Brasil mergulhou no caos esta semana e parece que não sabe como sair dele. A greve dos caminhoneiros que começou a semana com total apoio de entidades, setor produtor e cidadãos comuns, escancarou problemas que ninguém estava disposto a ver. A começar pela falta de planejamento. Setores essenciais “sobreviveram” dois dias. Estende-se pela falta de liderança. Representantes das entidades passaram um dia negociando com o governo e nem mesmo foram ouvidos pelos caminhoneiros. Estavam lá fazendo o que?

Quando uma categoria põe em risco a segurança nacional, tira estudantes das escolas, pacientes dos hospitais, provoca prejuízos bilionários ao setor produtivo, paralisa o transporte público dificultando a vida dos trabalhadores, há de se pensar até onde vão os limites. Que direito eles têm de pôr toda uma nação em risco? Quais forças estão por trás desse movimento? E até onde o governo pode permitir que isso aconteça? E quem defende quem não faz parte da greve, o cidadão comum?

As reivindicações dos caminhoneiros são mais do que justas. Há tempos que eles vêm alertando para a falência da atividade. O reajuste dos combustíveis não condiz com a realidade do País. Mas há outras formas de se brigar por algo. E se todos resolverem parar quando algo não lhes satisfaz? Até onde é justo uma categoria ferir o direito de outras?

Há de se pensar com coerência, justiça e bom senso. Bilhões de animais estão morrendo de fome no campo. Indústrias estão acumulando prejuízos que podem custar sua sobrevivência. Pessoas doentes estão sendo mandadas para casa pois os hospitais não têm mais insumos básicos. Quem vai pagar essa conta?