Cotidiano

Economia encolheu 0,78% no 3º trimestre, segundo BC

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BRASÍLIA -A economia brasileira encolheu 0,78% no terceiro trimestre deste ano nas contas do Banco Central. Foi o sétimo trimestre seguido de queda do Índice de Atividade Econômica da autoridade monetária (IBC-Br). Os dados reforçam a análise de economistas ouvidos pelo GLOBO de que só a retomada da confiança após o impeachment não foi suficiente para a recuperação do país. Um crescimento bem mais lento no ano que vem já é esperado. Nos últimos 12 meses, o IBC-Br mostra uma queda de 5,23%.

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O otimismo do brasileiro foi capaz de influenciar os dados mais recentes, que vieram melhores. Em setembro, por exemplo, houve um crescimento de 0,15%. Desde janeiro do ano passado até setembro deste ano, a economia só teve expansão em apenas três meses (abril, junho e setembro deste ano). A alta na margem mostra um possível início de recuperação, mas está longe de significar uma retomada.

? Não recupera nem o mês anterior, que teve queda de 1%. Não dá para pegar esse número positivo na margem como tendência. É justo dizer que a atividade econômica está testando o fundo do poço ? frisou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

Ela argumenta que foram prematuras as análises de euforia com o impeachment. Lembrou que a confiança já mostra uma inflexão porque as outras variáveis econômicas ainda estão muito frágeis. Zeina lembrou que o mercado de trabalho ainda não se estabilizou, o crédito cai e o juro real está em alta:

? É um quadro econômico muito frágil ainda. Não dá para falar que o quarto trimestre será positivo. A economia ainda não tem motor.

Os números do BC traduzem o que diz a economista. O nível que a economia brasileira atingiu em dezembro de 2013, quando o IBC-Br chegou ao ápice de 148,75 pontos. Desde então, houve consecutivas quedas e o índice está em apenas em 132,93 pontos. Esse é o patamar do tamanho da economia em dezembro de 2009.

Luís Otávio, economista-chefe do Banco ABC Brasil, lembra que o governo não tem saída a não ser esperar. A possibilidade de dar estímulos como no passado esgotou-se porque não há dinheiro no orçamento, o dólar alto por causa do efeito Trump pode impedir com que o Banco Central corte os juros numa velocidade que poderia impulsionar o crescimento e o mercado de trabalho não deve melhorar enquanto o investimento não subir.

No entanto, aposta que o dado oficial do Produto Interno Bruto (PIB) deve mostrar uma retração de 0,7% no terceiro trimestre e deve contaminar o ano que vem por causa do efeito estatístico. Leal, agora, aposta em crescimento de 0,5% a 1% em 2017. Ele lembra ainda que não é possível encontrar fórmulas mágicas para tentar crescer mais rápido.

? A gente está no caminho certo, mas a velocidade não é desejada. Tem de fazer as reformas e cortar os juros para a economia pegar no tranco. A gente já tentou no passado atropelar as coisas, os juros chegaram a 7,25% ao ano e a gente viu o que deu, lembra. A gente teve uma infecção generalizada e ficou perto da morte. Agora, a convalescência é certa. Não tem mágica.