Cotidiano

Doença misteriosa que deixa urina preta pode ter matado um e contaminado 52 na Bahia

RIO – Pelo menos 52 pessoas apresentaram, na Bahia, sintomas de uma doença ainda não esclarecida e que pode ter matado um homem na cidade de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador. As informações são da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), que no entanto não divulgou a identidade da vítima e investiga se o óbito está relacionado ao mal misterioso, uma vez que o homem também sofria com outros problemas de saúde, como a hipertensão. Os principais sintomas da doença são dor muscular intensa e alterações na urina, deixando-a preta. A morte aconteceu em 31 de dezembro e foi divulgada nesta terça-feira pela secretaria.

As 52 pessoas que apresentaram o quadro tiveram seus casos notificados entre 14 de dezembro de 2016 a 5 de janeiro de 2017. Por enquanto, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) do estado trata do mal como “mialgia [dor muscular] aguda a esclarecer”. Salvador concentrou a maior parte dos casos (50), seguida por Vera Cruz (1) e Lauro de Freitas (1).

A Sesab está monitorando e analisando os casos suspeitos. Dentre os 44 já investigados, 43 (97%) apresentaram dores musculares intensas de início súbito; 21 (47%) urina escura; 19 (43%) dor ao leve toque no corpo; e 16 (36%) dores nas articulações e sudorese.

Em entrevista ao G1 e à TV Bahia, a superintendente de vigilância à saúde da Sesab, Ita Cácia Aguiar, afirmou que a pasta trabalha com quatro possíveis causas para a doença.

“Nós trabalhamos com quatro hipóteses: contaminação por bactérias, por vírus, por metais pesados e por toxina. A nossa maior preocupação é o número de casos. Nós estamos hoje com 52 casos, e não temos uma resposta para dar à população, e isso nos traz uma grande angústia”, explicou.

Em 18 amostras biológicas analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (LACEN-BA), todas foram negativas para pesquisas de coprocultura (fezes) e hemocultura (sangue), que identificam a presença de microorganismos.

A Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, está analisando outras sete amostras de fezes. Já o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, está investigando, em peixes enviados in natura, a presença de metais pesados, uma vez que as primeiras suspeitas foram a de que peixes consumidos na região estariam causando a intoxicação. Duas amostras de peixe consumidas por pacientes serão também enviadas para análise no estado do Alabama, nos Estados Unidos.

A contaminação da água foi afastada depois que uma análise de amostras da rede que abastece Salvador mostrou resultados satisfatórios.