Cotidiano

Documentos comprovam ordem de Pinochet para matar ex-chanceler

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SANTIAGO – Os Estados Unidos entregaram esta sexta-feira à presidente do Chile, Michelle Bachelet, uma última leva de documentos oficiais que comprovam a ordem do ditador Augusto Pinochet para o assassinato do ex-chanceler e opositor Orlando Letelier em Washington. Apesar de os chilenos trabalharem há anos com a teoria, os documentos comprovariam um crime pelo qual Pinochet nunca foi condenado ? ele morreu sem cumprir sentença.

A secretária adjunta de Estado, Heather Higginbottom, deu os arquivos a Bachelet numa cerimônia dois dias após o 40º aniversário do crime. Em outubro de 2015, uma outra leva de documentos revelados pelos EUA já indicava a provável ordem de Pinochet. Em exílio, o ex-chanceler foi assassinado junto com seu colega de trabalho americano Ronni Moffitt por um carro-bomba no centro de Washington em 1976.

Juan Pablo Letelier, senador e filho de Letelier, disse que os documentos da CIA dão luz à responsabilidade direta de Pinochet. Um relatório foi enviado a George Shultz quando era secretário de Estado dos EUA, disse Letelier, comprovando as alegações. Agora, segundo o Departamento de Estado, as evidência são ainda mais concretas.

“Vemos como evidência convincente que o presidente Pinochet ordenou pessoalmente a seu chefe de Inteligência que levasse adiante o assassinato”, disse a agência.

Agentes da Dina, a temida polícia secreta da era Pinochet, foram depois condenados pelo crime, que chocou os americanos e intensificou a oposição ao regime militar no Chile.

Um dos condenados, o ex-diretor da Dina, general Manuel Contreras, disse depois que suas ordens vieram do próprio Pinochet. Mas o ditador, que morreu em 2006 aos 91 anos, nunca enfrentou um julgamento completo por nenhum dos crimes cometidos e violações dos direitos humanos em seu governo (1973?1990). Contreras morreu em 8 de agosto, após cumprir vários anos de sua condenação a 505 anos de prisão por crimes ligados a violações dos direitos humanos sob o governo militar.

Bachelet, que foi torturada na ditadura, disse ter esperança de que novos documentos “permitam avançar em verdade e justiça”.

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