Cotidiano

Documentário de João Moreira Salles estreia com aplausos em Berlim

64772976_Imagem de %27No intenso agora%27 de João Moreira Salles.jpgBERLIM – Após dedicar-se à memória familiar em “Santiago” (2007), o cineasta João Moreira Salles volta, dez anos depois, ao universo autobiográfico no documentário “No intenso agora”. O longa parte de imagens que sua mãe, Eliza Gonçalves (1929-1988), fez durante uma visita à China em 1966, no início da Revolução Cultural, passa por registros das turbulências do movimento estudantil de Maio de 1968 e aborda também as manifestações daquela época na então Tchecoslováquia e no Brasil. O longa teve sua estreia mundial no sábado, na mostra Panorama do Festival de Berlim, onde foi muito aplaudido.
Com o desafio de lidar com muitas imagens de arquivo e com tantas lembranças geradas pelas imagens feitas pela mãe ? além de suas próprias memórias, já que era criança e estava em Paris em maio de 1968 ?, o cineasta de 54 anos diz sua intenção foi entender, entre outras coisas, como os participantes de movimentos sociais e políticos lidam com a frustração quando os sonhos revolucionários acabam não se concretizando:
? Se um documentário vira algo enciclopédico, ele tende a fracassar. ?No intenso agora? não é um filme sobre o Movimento de Maio de 68. Tratei de Paris, principalmente, porque a intensidade daquilo foi imensa e durou pouco, que é uma coisa que me interessa.
Trata-se de um filme reflexivo, mas de “sala de edição”, segundo ele:
? Quando vi as cenas extraordinárias do enterro do estudante tcheco Jan Palach, morto durante os protestos contra o fim da Primavera de Praga (em 1969), lembrei-me do caso do Edson Luiz (estudante brasileiro, morto em 1968 pelo regime militar) e também os mortos franceses, aí que quis comparar.