Cotidiano

Diretor-geral da OMC defende abertura comercial e critica protecionismo

DAVOS – O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), embaixador Roberto Azevêdo, adotou, nesta sexta-feira, um tom cauteloso ao falar sobre o novo governo americano. Segundo ele, embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha demonstrado preocupação com o comércio internacional, ainda não houve um diálogo entre a OMC e as novas autoridades do país. Desde a campanha, Trump indica que adotará medidas para proteger a indústria americana dos produtos importados.

– Não tive contato direto com o novo governo, mas eles têm preocupações com comércio. Vamos sentar, ouvir as preocupações e ver como elas podem ser resolvidas e partir daí. É difícil especular agora – disse Azevêdo durante entrevista concedida no último dia do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

China 18 de janeiroDiante da insistência dos repórteres em perguntar sobre o discurso protecionista de Trump, o diretor respondeu:

– Vocês estão tratando o assunto como se fosse fato, mas ainda são especulações.

Questionado sobre se está preocupado com os Estados Unidos, ele rebateu:

– Eu estou preocupado 24 horas por dia porque temos desafios o tempo todo.

Ainda perguntado sobre os Estados Unidos, ele disse que todos os países-membros da OMC reclamam da intervenção da organização em suas políticas domésticas, mas que isso é comum e faz parte do diálogo:

– Todo país reclama que a OMC não pode impedi-lo de fazer regulação. Mas todos são membros que firmaram um contrato. A intenção nunca é impedir o país de fazer regulação ou implementar política. Isso não será a primeira vez.

Mesmo assim, o embaixador fez questão de defender a abertura comercial e criticar o protecionismo que voltou a permear a agenda internacional. Ele participou hoje da tradicional reunião mini ministerial da OMC que ocorre em Davos durante o Fórum Econômico Mundial. Segundo Azevêdo, 2017 será um ano de desafios para o comércio e é preciso trabalhar para que ele continue a gerar benefícios para a economia global.

– O comércio está em alta na agenda. Ele cria empregos e já tirou mais de um bilhão de pessoas da pobreza. Temos que fazer mais para aumentar os benefícios do comércio – disse acrescentando:

– Reconheço as preocupações com globalização. O impacto positivo da globalização não significa nada para quem perdeu o emprego. O avanço da inovação e da tecnologia têm impacto sobre o emprego. Aumentar barreiras não vai resolver isso. Protecionismo não vai resolver isso, só vai aumentar os problemas. Não podemos nos envolver numa guerra comercial.

*Enviada Especial