Cotidiano

Dinheiro doado pela União será usado para pagar a policiais

2013_666100050-2013112279145.jpg_20131122.jpgRIO – O governo do estado vai usar parte dos R$ 2,9 bilhões da União para quitar
dívidas e pagar salários dos policiais civis e militares, revelou nesta quarta-feira o
secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ao ?RJ TV?, da Rede Globo. Ele
afirmou que a primeira providência será pagar salários e gratificações atrasados
dos servidores das polícias Civil e Militar:

? Pagar o salário do servidor, pagar a premiação e o regime adicional de
serviço (RAS). Posteriormente a isso, descentralizar o recurso, imediatamente,
para as duas instituições, para que elas honrem seus compromissos que estão
bastante atrasados.

O secretário estava aliviado. Apenas com o regime
adicional de serviço (RAS) olímpico, o estado previa gastar R$ 42 milhões:

? Eu acho que, a partir daí, a gente pode trabalhar com muito mais
tranquilidade. Acho que, em primeiro lugar, a questão motivacional do policial
retoma o patamar que nós tínhamos antes. Os programas que nós consideramos
essenciais, como o de metas e o regime adicional de serviço (RAS), que surtiram
efeitos muito positivos para a população ano passado, a gente pretende retomar,
se isso acontecer. Crise – 20/06

ORÇAMENTO DE R$ 10 BI

Pela medida provisória do governo federal, o dinheiro é
exclusivamente para socorrer a segurança pública do Rio durante os Jogos
Olímpicos, que começam dentro de 43 dias. Em grave crise financeira, o estado
contingenciou o orçamento previsto de R$ 10 bilhões para serem gastos este ano
com segurança, levando o setor ao estrangulamento. Interrompeu os investimentos
e atrasou o pagamento de fornecedores. Com pesadas dívidas, vários serviços
foram suspensos nas polícias Civil e Militar.

Um levantamento feito pelo deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Costa
(PSDB), a pedido do GLOBO, mostra que, do orçamento de R$ 10,2 bilhões previsto
para a Secretaria de Segurança este ano, cerca de 30% acabaram contingenciados
pelo governo com o agravamento da crise. A cúpula da segurança, a Polícia
Militar, a Polícia Civil e o Instituto de Segurança Pública gastam em média, por
mês, cerca de R$ 583 milhões. A maior fatia fica com a PM, que, por ano,
desembolsa R$ 4,7 bilhões apenas com a folha de pagamento da tropa.

? Estamos convocando para a próxima terça-feira os secretários de Fazenda e
Planejamento para uma audiência pública na Assembleia Legislativa, para
explicarem como será feito o gasto. Queremos saber oficialmente o plano de
aplicação desses recursos, o detalhamento ? disse Luiz Paulo.

O deputado estadual também acredita que o governo deverá usar os recursos do
tesouro para aplicar em outras áreas, como a educação.

? É uma possibilidade, por isso estamos convocando os
dois secretários para uma audiência pública ? revelou Luiz Paulo.

POLÍCIA CIVIL NO LIMITE

Na área de segurança pública, uma das situações mais críticas é da Polícia
Civil. No início do mês, em entrevista ao GLOBO, o delegado Fernando Veloso,
chefe de Polícia Civil, não descartava que a instituição estava a um passo do
colapso e no limite de seu funcionamento. Um dos grandes desafios tem sido
manter a operação do Instituto Médico-Legal (IML). Na unidade do Centro, por
falta de condições de higiene ? sem receber, a empresa que fazia a limpeza
suspendeu as atividades ?, não são mais realizadas necropsias, apenas exames de
corpo de delito. Além disso, a equipe de legistas foi transferida para o IML de
Campo Grande.

Também haviam sido suspensos os serviços de manutenção dos helicópteros e dos
?caveirões? blindados. Atualmente, oito das 12 aeronaves das polícias Civil e
Militar estão paradas. A mesma situação acontece com os veículos blindados: dos
21, apenas cinco estão sendo usados porque não há manutenção.