Cotidiano

Dia de Luta: Cruzes indicam as mortes por Aids

60% dos casos femininos são mulheres que contraem doença em casa

Cascavel – A cuidadora de idosos Viviane Camargo, de 36 anos, descobriu que era soro positivo há nove anos e há quatro ela toma o coquetel. A jovem conta que perdeu o marido neste ano devido às complicações associadas ao vírus.

“Ele foi o meu único homem, casei virgem e foi doloroso quando descobri. Meu mundo veio ao chão e sofri muito. Depois da descoberta fui fazer exames e há quatro anos, quando minha imunidade ficou mais baixa, tive a necessidade de tomar a medicação”, conta.

A agente de saúde Lourdes Cotienschi viveu um drama parecido e há 11 anos usa o antiviral. Ela contraiu o vírus do marido que também morreu devido a complicações da doença.

“Minha dica é para que não confiem em ninguém, não confie em quem você divide seus sonhos, seus problemas, em quem você deposita seu amor. Não confie na aliança e nem no fato de ser pai dos seus filhos. Ninguém está imune a ser traído e descobrir anos depois que é soro positivo”, declara. 

Assim como Viviane, 60% dos casos femininos são mulheres que contraem a doença dentro da própria casa. Por isso, para conscientizar a população no Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o Cedip (Centro Especializado de Doenças Infecto Parasitária) realizou ontem ações de orientação e distribuição de preservativos, panfletagens no Terminal de Transbordo Oeste e testes rápidos durante o dia todo. Várias UBSs (Unidades Básicas de Saúde) realizaram atividades alusivas.

Uma cena que marcou o dia foi protagonizada em frente à prefeitura. Cruzes brancas com lanços vermelhos representavam as vidas perdidas pela Aids. Já em frente ao Cedip, no gramado da Avenida Tancredo Neves, um lanço gigante na cor vermelha e uma colcha de retalhos foram expostos para chamar a atenção. No Centro, a Praça do Migrante receberá uma iluminação vermelha segundo solicitação da rede de pessoas que vivem com o vírus HIV/Aids.

As mortes

No ano passado foram 29 óbitos e em 2015 eram 14 de janeiro até outubro. Este dado representa queda de 52% se comparados os períodos. Nos últimos dez anos 350 pessoas perderam suas vidas somente em Cascavel, causadas pela doença.