Cotidiano

Dia das Mães: Visita virtual pretende aproximar mães e filhos

A sala para a realização da visita virtual já está pronta na PFF-UP

Dia das Mães: Visita virtual pretende aproximar mães e filhos

Reportagem: Cláudia Neis

Foz do Iguaçu – Na carceragem na PFF-UP (Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu – Unidade de Progressão) estão 124 mães de filhos menores de 12 anos de idade. Neste domingo, a maioria delas não vai ver os filhos. “Ao todo, temos 254 mulheres na unidade e só 10% delas recebem algum tipo de visita. Neste domingo, por exemplo, é permitida a visita de crianças [o que acontece uma vez ao mês], mas será um dia bem triste porque a maioria não vai receber a visita de ninguém. Um dos motivos é que nós temos duas penitenciárias femininas no Paraná, em Foz e Curitiba, então a maioria das detentas é de outras cidades, o que dificulta o contato com a família”, explica a diretora da PFF-UP, Cláudia Grignet Fardoski Souto.

Para tentar aproximar essas mulheres principalmente dos filhos, está sendo testado o projeto Visita Virtual. “A visita virtual é uma espécie de videoconferência entre as detentas e os familiares. Nós temos uma sala específica e um equipamento já instalado para implantar esse projeto agora em Foz. As presas reclamam muito da distância, elas se sentem sozinhas e até abandonadas pela família, que muitas vezes não quer vir até a Unidade ou não expor as crianças a esse ambiente, então essa visita vai ajudar muito nesse processo”, ressalta Cláudia. Segundo ela, o projeto deve começar a funcionar a partir de junho.

No projeto-piloto em funcionamento em Curitiba desde agosto passado, o Depen (Departamento Penitenciário) já registrou casos emocionantes de mães e filhos que não se viam mais de seis anos e, com a visita virtual, puderam se reencontrar, mesmo a distância. Outro caso que chamou a atenção foi de uma detenta que virou avó e conseguiu conhecer os netos por conta do projeto.

 Gestantes detidas

No caso de mulheres que são presas durante a gestação, todas são enviadas à Penitenciária Feminina de Curitiba, onde existe estrutura para o pré-natal e o crescimento das crianças com a mãe. Não há idade máxima para que as crianças fiquem no local, mas após seis meses do nascimento cada caso começa a ser avaliado de forma individual e, com a Justiça, soluções são buscadas, ou para que a mãe consiga prisão domiciliar ou uso de tornozeleira eletrônica ou ainda a guarda da criança, se a mãe preferir, pode ser repassada para algum familiar.

O outro lado

Se a situação das mães detidas é complicada pela distância da família, o dia a dia de quem convive com a violência ajudando a solucionar crimes e conciliar a maternidade também não é fácil. “São muitos desafios que as mães que trabalham na área de segurança pública enfrentam. Nós estamos em contato com a violência todos os dias, mas temos que saber separar essa realidade da vivida em casa. Na minha casa, segurança é tratado de modo profissional, não posso levar a carga do que vejo para o meu filho, por exemplo, não posso superproteger e sufocá-lo com cuidados excessivos por conta do meu trabalho”, afirma a papiloscopista-chefe da Seção Regional de Identificação de Cascavel, Cláudia Borges de Lima, que tem um filho de 17 anos e está gestante.

Por outro lado, ela afirma que a maternidade auxiliou no desenvolvimento do trabalho que realiza. “A riqueza do meu trabalho está nos detalhes, por exemplo, a perícia em uma cena de crime precisa ser minuciosa e a maternidade aflora isso na gente. Você fica muito mais sensível e atenta a tudo ao seu redor. Por isso que 60% dos cargos relacionados à perícia no Paraná hoje são ocupados por mulheres”, iustra.