Cotidiano

Dia das Mães - Crise, inadimplência e calor travam vendas no comércio

A expectativa de aumento nas vendas, que chegou a ser projetada na casa dos 9%, deve ficar em 1,6%

Nas vésperas do Dia das Mães, comércio segue parado -  Foto:Aílton Santos
Nas vésperas do Dia das Mães, comércio segue parado - Foto:Aílton Santos

Cascavel – As vitrines abarrotadas de produtos para o Dia das Mães, data considerada o segundo melhor momento de vendas atrás apenas do Natal, não têm atraído os consumidores. Ao menos ainda não.

A expectativa de aumento nas vendas, que chegou a ser projetada pelo setor varejista na casa dos 9% se comparado ao Dia das Mães do ano passado, agora deve ficar em 1,6%. E, se chegar a isso, o segmento deve comemorar.

Isso porque a soma de alguns fatores tem travado os negócios e feito os consumidores desaparecerem.

Segundo o presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas e do Comercio Varejista de Cascavel e Região Oeste do Paraná), Leopoldo Furlan, o crescimento da inadimplência tem se tornado regra na região. E, quem ainda não está com o nome sujo, está bastante endividado. Motivos que por si só freiam as compras. “São os reflexos de quem comprou por impulso no fim do ano passado e ficou com dívidas ou está no SPC, ou seja, fica impedido de comprar a prazo. Por um erro cometido em uma data, fica limitado de comprar por boa parte do ano. O pior que isso só vai se normalizar lá por outubro, novembro, com o 13º salário”, estima.

Apesar de muito preocupante, esses fatores não estão isolados e são consequência também da economia que não reage como o esperado e o desemprego que continua em alta. Somado a isso está o frio que não chega, com um outono que avança à sua metade com calor similar ao do verão.

Ontem, por exemplo, os termômetros chegaram bem próximo dos 30ºC. Nos últimos três anos, o início de maio já havia tido pelo menos uma frente fria e as temperaturas baixas estimulam vendas de roupas, especialmente casacos mais pesados, calçados quentinhos e as preferidas da estação, as botas. Por enquanto, itens que seguem apenas como adereços nas vitrines, apesar de que em muitos casos as roupas de frio nem ganharam ainda amplo espaço nas lojas. Dividem araras com a coleção primavera/verão passada.

“Sem contar que quem tem um pouco de dinheiro guardado não vai sair gastando porque a economia não está reagindo. Isso que na nossa região ainda vivemos uma condição um pouco diferenciada por conta do agronegócio. Apesar de uma quebra ou outra, o setor tem se saído bem. Além disso, o frio que não chega não estimula as vendas. Ou seja, estamos às vésperas do Dia das Mães e tudo está muito parado”, reforçou.

Segundo Furlan, melhora mesmo nas vendas só são projetadas para o segundo semestre, aliás, para o fim do segundo semestre, época da já tradicional Black Friday, e para o Natal. “O segundo semestre costuma ser melhor do que o primeiro. Acreditamos pelo menos que possa ser melhor. Que a economia dê sinais de recuperação e que se recupere, porque está muito devagar”.

Perspectivas de melhora

Entre as expectativas de melhora da economia estão as desburocratizações para a abertura de novos negócios, as reformas e a regulamentação do chamado Cadastro Positivo, cuja promessa é tornar a vida do bom pagador mais fácil para acesso ao crédito facilitado e juros menores. “Isso também trará uma segurança maior aos lojistas que vão saber para quem oferecer crédito. Hoje ele corre o risco de oferecer crédito próprio, o cliente não pagar e ele também ficar inadimplente. Com o Cadastro Positivo, a tendência é para que disponibilize crédito a quem realmente paga”, acrescenta Leopoldo Furlan.

Reportagem:Juliet Manfrin