Cotidiano

Destacamento inteiro investigado por corrupção é retirado das ruas

Dos sete investigados, dois são policiais mulheres

Cafelândia – Resultado das investigações realizadas por quase um ano e meio pela Corregedoria da Polícia Militar do Paraná, que deu origem ao Inquérito Policial Militar 764/2017, os sete policiais que compuseram um destacamento inteiro da Polícia Militar no Município de Cafelândia e que respondem por suspeita de corrupção ativa e envolvimento com quadrilhas para a facilitação da prática de contrabando de cigarros com cobrança de propina foram retirados das suas funções externas e agora exercem apenas trabalhos administrativos.

Até a veiculação da primeira reportagem pelo Jornal O Paraná, em 10 de abril, mesmo com o inquérito concluído e seguindo para o Conselho de Disciplina, todos ainda permaneciam exercendo atividades nas ruas.

A determinação para a realização exclusiva dos trabalhos administrativos publicada há recentemente tratou ainda da designação dos três policiais militares que compõem esse Conselho de Disciplina a quem cabe agora analisar todas as provas, após a conclusão das investigações, e definir se os PMs seguem ou não na corporação.

Em seu artigo segundo, o documento reforça que “nos termos do que dispõe o artigo 3º, parágrafo 3º da Lei Estadual nº 16544/2010, é vedado aos acusados o desempenho de atividades operacionais, devendo, portanto, ficarem adidos ao 19º Batalhão da Polícia Militar [em Toledo]”.

O PM mais antigo em serviço é um soldado que está em atividade há 24 anos e a mais recente a ser incorporada entrou para o serviço em 2014, ou seja, no momento dos fatos a policial estava havia apenas 3 anos em serviço. Dos sete investigados, dois são policiais mulheres.

As investigações

Em uma das frentes, o inquérito apurou crimes de trânsito. Conforme as investigações, condutores eram abordados nas vias públicas, ou em acidentes, e, em vez da aplicação de multas, quando havia algo de errado era cobrada propina para liberação do condutor e dos veículos.

Nos autos constam, como exemplo, veículos no pátio da PM apreendidos naquele município mas sem autos de infração, confirmando a não aplicação de multas. A denúncia foi assinada por pelo menos 15 pessoas, a maioria se diz vítimas do bando.

Na outra frente de investigações está a apreensão de cigarros e a prisão de um cigarreiro, no segundo semestre de 2017, que acabou por desmantelar um amplo e longo esquema de corrupção. Ele e outros contrabandistas relataram à polícia que pagavam propina para trafegar livremente nas rodovias da região com veículos abarrotados de cigarros contrabandeados do Paraguai.

O Comando-Geral da Polícia Militar do Paraná foi procurado mais uma vez para falar sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição não houve manifestações.

Reportagem:Juliet Manfrin