Cotidiano

Desocupações começam a ser registradas após morte de aluno

O número é 8% menor do que na primeira semana do movimento, quando 110 escolas da região aderiram às paralisações

Cascavel – A trágica morte do aluno Lucas Eduardo Araújo Mota, de 16 anos, no Colégio Estadual Santa Felicidade, em Curitiba, deu início às desocupações no Paraná. No Oeste, até a tarde de ontem 101 instituições de ensino permaneciam ocupadas. O número é 8% menor do que na primeira semana do movimento, quando 110 escolas da região aderiram às paralisações organizadas pelos alunos secundaristas.

Conforme o Núcleo Regional de Educação de Cascavel, ainda na segunda-feira (24), o Colégio Estadual Marilis Faria Pirotelli, voltou ao funcionamento. No local estudam 1.057 alunos. Nos demais municípios de abrangência do NRE (25 no total), o Colégio Estadual José de Alencar, em Braganey, com 519 alunos, também foi desocupado.

Ontem, mais dois estabelecimentos de ensino voltaram ao funcionamento normal: Colégio Paulo VI, em Boa Vista da Aparecida (808 alunos) e Desembargador Antônio F. F. Costa, em Guaraniaçu (1.087 alunos). Já no NRE de Foz do Iguaçu, os colégios Rui Barbosa, de Matelândia, e Nestor Vitor, de São Miguel do Iguaçu, abandonaram o movimento. “Em torno de 37,1 mil estudantes estavam sem aulas na sexta-feira (21). Esse total reduziu para 33.649”, afirmou o NRE por meio de nota.

Sem registro

Essa é a primeira vez, desde o início do movimento, em 3 de outubro, em que não há nenhum novo registro de ocupação nas escolas em todo o Paraná. Desde a segunda-feira (24), o Paraná tem 850 instituições fechadas, além de 14 universidades e três NREs, conforme o Ocupa Paraná, canal que contabiliza as ocupações no Estado, que ainda não atualizou os dados sobre as desocupações. A Secretaria Estadual da Educação apresenta um número diferente, de 792 unidades fechadas.

Hoje, o movimento Ocupa Paraná realiza assembleia para decidir as propostas para melhorar a educação no Paraná, a partir das 9h. O local da reunião não foi informado.

O crime

Um colega de Lucas Eduardo Araújo Mota, também de 16 anos, confessou ter cometido o crime, ainda na segunda-feira (24), após equipes das polícias Civil e Militar o terem apreendido. Os dois estudavam no mesmo colégio, que está entre os ocupados por alunos no Paraná. Ele o atingiu com uma faca de cozinha após os dois ingerirem substâncias sintéticas, e terem se desentendido.

“Uma tragédia que tentamos evitar. Essa escola, inclusive, tinha o pedido de reintegração de posse feito pela Procuradoria Geral do Estado e estava em análise da Justiça. A mesma PGE havia solicitado atuação mais firme do Conselho Tutelar e do Ministério Público, prevendo a exposição desses adolescentes ao risco”, disse o secretário estadual de Segurança Pública, Wagner Mesquita. 

Denúncia

O secretário estadual de Segurança Pública, Wagner Mesquita, informou que um canal de denúncia de crimes foi aberto envolvendo abusos de drogas, violência e ameaça nas instituições ocupadas. “Nos últimos seis dias, 60 comunicações de crimes de diversas naturezas foram feitas e estão sendo investigadas”, contou. Qualquer denúncia deve ser feita pelo 181, e a ligação é anônima. 

Categorias em greve

A greve dos auditores fiscais e o segundo dia de paralisação de 72 horas dos analistas tributários da Receita Federal têm complicado o trânsito de caminhões da tríplice fronteira entre o Brasil, o Paraguai e a Argentina. Em função da fiscalização reforçada, a liberação de cargas de importação e exportação que passam pelo Porto Seco, o maior da América Latina, fica ainda mais demorada e já há filas ao longo da BR-277. Ontem, o pátio da estação aduaneira que tem capacidade para 850 caminhões estava com 777 à espera de liberação. Outras 500 cargas têm como destino os países vizinhos.

Os professores estaduais e os policiais civis seguem para o 10º dia de greve. A APP-Sindicato não soube precisar o número de docentes que aderiram a paralisação.