Cotidiano

Desembolso do BNDES devem ficar abaixo de R$ 100 bi em 2016

BNDES

RIO – O desembolso do BNDES deve ficar abaixo de R$ 100 bilhões em 2016, se mantido o ritmo atual de liberações, na estimativa de Fabio Giambiagi, superintendente da área de Planejamento do BNDES. No ano passado, as liberações atingiram R$ 135,9 bilhões. A menor demanda pelos empréstimos, como resultado da retração econômica, explica a queda.
No acumulado em 12 meses encerrados em setembro, as liberações atingiram R$ 103,7 bilhões. Como no fim do ano passado houve uma corrida ao banco no fim do ano, porque o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI) acabaria em dezembro, os números do último trimestre do banco foram inflados. Por isso, a tendência é que os próximos meses fiquem abaixo dos últimos três meses de 2015.
– Estamos dando números a vocês. Pela simples tendência de substituição de um mês (do ano passado) pelo outro (seu correspondente neste ano) e que (o fim do ano passado) foi de certa forma atípico, sim ? disse Giambiagi quando perguntado se o desembolso do banco ficaria abaixo de R$ 100 bilhões.
O recorde de liberações do BNDES foi em 2013, quando os desembolsos atingiram R$ 190,4 bilhões. Na época, o Tesouro Nacional irrigava os cofres do banco com aportes bilionários. Desde 2015, porém, quando o país já estava em recessão e em meio a uma crise fiscal, o Tesouro deixou de injetar dinheiro no banco e, agora, acerta com o BNDES a devolução de parte do valor emprestado.
– O banco tomou a decisão de racionar (as consultas de clientes) para que não tivesse problema de caixa na frente (na virada de 2014 para 2015). Passamos a lidar com uma restrição de oferta (pois não haveria mais aportes do Tesouro). Ao longo de 2015, essa dinâmica se inverte e, em vez de restrição do lado da oferta, o que se vê é um mergulho da demanda. Mês a mês tínhamos consultas com números cada vez menores ? diz Giambiagi.
Nos primeiros nove meses do ano, os desembolsos somaram R$ 62,2 bilhões, queda de 34% em relação a igual período de 2015. A indústria foi a que teve a maior parcela de recursos, com R$ 21,8 bilhões.
As consultas, primeira etapa de análise de empréstimos do banco e termômetro para a intenção de investimentos do empresariado, atingiram R$ 85 bilhões, queda de 8% nos primeiros nove meses do ano. Segundo o BNDES, o destaque foram as consultas na área de infraestrutura, que reduziram o ritmo de queda.
Entre janeiro e setembro, os projetos de infraestrutura somaram R$ 32,3 bilhões em consultas, recuo de 4% em relação a igual período do ano anterior. No primeiro semestre deste ano, a queda era de 22%. De acordo com o banco, isso sinaliza que a retomada da economia virá pela infraestrutura.
Giambiagi disse que o banco estará preparado para o possível crescimento de demanda no próximo ano, mesmo sem os aportes:
– São condições irrepetíveis ? disse Giambiagi, sobre os aportes no banco. – Antes o Tesouro nos emprestava e agora nós é que vamos dar dinheiro a ele. – Cabe ao BNDES se preparar para satisfazer essa demanda que esperamos que venha.
Ele confirmou que serão devolvidos R$ 100 bilhões em três parcelas ao Tesouro: R$ 40 bilhões este ano e duas parcelas de R$ 30 bilhões nos próximos dois anos. A devolução, porém, depende de aval do Tribunal de Contas da União (TCU), que votará a legalidade do processo na próxima quarta-feira.
O banco também informou que passará a divulgar cronograma de anúncio dos desembolsos mensais e disponibilizará dados deflacionados em séries históricas desde 1995. Até agora, os dados eram em valores correntes.