Cotidiano

Desativada há três meses, unidade prisional em péssimo estado abriga detentos transferidos no AM

63619810_Manaus AM 04-01-2017 - Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa desativada em outubro do an.jpgMANAUS – A Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, unidade prisional com pior estrutura física do estado e que estava desativada, volta a abrigar 275 detentos do Sistema Prisional do Amazonas, sendo a maioria do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Celas deterioradas, paredes com infiltrações e colchões velhos compõem o cenário da cadeia três meses depois de sua desativação. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já havia condenada a estrutura do local e a superlotação.

Massacre Manaus – 04.01 II

O péssimo estado do presídio chamou a atenção do procurador-geral de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE-AM), Pedro Bezerra, que no começo da noite esteve na unidade. O procurador avalia se o local tem condições de abrigar os presos.

? O prédio estava desativado e sem abrigar seres humanos. Da forma que os detentos deixaram esse local há três meses, foi a mesma forma encontrada por eles novamente. As paredes estão cheias de infiltrações e eles estão usando colchões velhos. A unidade precisa de reparos.

Bezerra destaca ainda que não é viável que os detentos permaneçam por muito tempo no local. Além disso, a unidade com capacidade de abrigar 104 presos está novamente superlotada, com 171 detentos acima da lotação permitida. Mesmo com a superlotação, apenas 21 agentes penitenciários fazem a segurança do local.

?Eles estão amontoados dentro das celas. Algumas não foram ocupados, pois estão deterioradas. Essa não é a melhor opção. O ideal é que seja o mais rápido possível ? destacou o procurador.

O presidente da comissão de defesa dos Direitos Humanos da OAB-AM, Epitácio Almeida, também condena o local e diz não possuir estrutura para abrigar os presos.

? Eu estive na Raimundo Vidal Pessoa na noite em que os presos foram transferidos para lá. Essa é uma medida extrema. Como o estado não tem outro local para colocar esses detentos, acreditamos que essa é a melhor solução até mesmo para evitar novos confrontos ? destacou Epitácio.

Ele frisa ainda que a construção de novos presídios é uma das soluções mais viáveis para evitar a guerra entre facções e a superlotações.

? O estado necessita de novos presídios. A desativação da Vidal é necessária, mas nesse momento é um mal menor ? finalizou.

* Especial para O GLOBO