Cotidiano

Desarme de arsenal nuclear diminuiu durante era Obama

WASHINGTON – Um novo censo do arsenal nuclear dos Estados Unidos mostra que o governo americano teve a menor redução de ogivas nucleares desde a chegada de Barack Obama à Presidência. Os números divulgados pelo Pentágono também ilustram uma tendência: a de que o atual governo foi o que menos reduziu o arsenal nuclear desde o fim da Guerra Fria (1991), deixando clara a diferença entre a visão de um mundo livre das armas nucleares ? defendida por Obama em seus primeiros meses na Casa Branca ? e a complexa realidade geopolítica, repleta de burocracias, que dificulta o descarte das armas atômicas. Hiroshima

A falta de progresso tanto no controle de armas quanto na desativação de ogivas parece coincidir com novos esforços do governo pela modernização de armamentos, aviões, mísseis e submarinos, que podem custar aos cofres públicos até US$ 1 trilhão nas próximas três décadas.

Simpatizantes de Obama afirmam que a redução no desarmamento é compreensível, considerando-se os níveis cada vez maiores de hostilidade e intransigência do presidente russo, Vladimir Putin, assim como as dificuldades inerentes ao controle de armas nucleares. Se, em 2009, o governo Obama desarmou 356 ogivas nucleares, em 2015 esse número foi de apenas 109, apesar da declaração do secretário de Estado, John Kerry, que em abril afirmou que os Estados Unidos ?buscariam acelerar o desarmamento de ogivas em 20%?.

? Embora o desarmamento tenha sido particularmente baixo em 2015, o histórico do governo Obama mostra uma tendência a reduzir cada vez menos ogivas ? afirmou o diretor do Projeto de Informação Nuclear, Hans M. Kristensen, do Escritório Nacional de Segurança Nuclear, que acredita que o país terá um acúmulo de armas nucleares a serem desarmadas até 2024.

Desarmes modestos de Moscou

O novo censo do Pentágono mostra que o arsenal nuclear dos Estados Unidos em 2015 é de 4.571 ogivas. Apesar de classificar a redução de 2015 ? de apenas 702 ogivas, ou 13,3% ? como a menor desde o fim da Guerra Fria, Kristensen destacou que o ritmo lento pode não ser culpa do presidente.

? Sua visão de reduções significativas no arsenal nuclear e de dar um fim à mentalidade da Guerra Fria encontrou resistência do Congresso americano ao Kremlin ? ressaltou Kristensen. ? Um Congresso entrincheirado e ideologicamente oposto lutou contra cada passo do processo de redução de armas.

Já Moscou, diz o diretor, rejeitou descartes amplos e se ateve ao desarmamento modesto que constava no Tratado do Recomeço, assinado em 2010, e que entrou em vigor no ano seguinte.

A visita de Obama a Hiroshima acontece sob a sombra de seu legado na questão das armas nucleares, afirma Kristensen. Seus ganhos modestos podem incomodar os que defendem um maior controle sobre os armamentos.