Cotidiano

Deputada britânica morta é celebrada com flores e mãos dadas

LONDRES – Sob um céu nublado, seguidores de Jo Cox, deputada britânica assassinada semana passada, prestaram uma última homenagem com um barco cheio de flores no rio Tâmisa, no dia em que ela completaria 42 anos, enquanto o Reino Unido se prepara para decidir se abandonará a União Europeia.

Cox, assassinada na última quinta-feira a facadas e tiros por um homem com problemas mentais e simpático ao neonazismo, vivia em um barco perto de Londres. Era casada e tinha dois filhos, de 3 e 5 anos.

Esta deputada trabalhista por Yorkshire era um enérgica defensora do voto favorável a permanecer na Europa, no referendo de quinta-feira que mantém instável não só o Reino Unido, mas todo o continente.

“Jo não era somente uma deputada, uma mãe”, disse à AFP Angela Zatorski, 40 anos. E estremece a voz. “Era membro da comunidade, vivia no rio”.

“Obviamente o que (Jo Cox) queria era união, e não uma grande separação. E espero que isso não aconteça” quinta-feira, declara esta artista acompanhada de seu três filhos.BRITAIN-EU-POLITICS-CRIME-COX-G852PENRI.1.jpg

Personalidades como o cantor do U2, Bono Vox, e da jovem paquistanesa que recebeu o prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, também deixaram mensagem para Jo Cox.

Mas nesta quarta-feira só havia um grupo de vizinhos de sua comunidade e simpatizantes para receber o barco carregado de rosas, diante do Parlamento, onde a vida corria em sua normalidade.

Aos pés do Big Ben, na ponte de Westminster, um gaiteiro escocês tentava ganhar alguns peniques (moeda britânica que vale a centésima parte da libra esterlina).

Ao ser perguntado se votará pelo ‘remain’ (ficar) ou pelo ‘exit’ (sair), o jovem ruivo Alex McGrotty não dá uma resposta clara. “Não sei. Mudo de opinião todos os dias. Hoje seria ‘remain'”, disse.

“Minha grande preocupação é trabalhar. Tenho que continuar tocando para ganhar a vida. Se sairmos (da UE), cruzar o Canal (da Mancha) será muito mais difícil”, afirma.

Para McGrotty, vestido com a tradicional saia escocesa e os braços cheios de tatuagens, os tempos são duros. “Cada vez é mais difícil ganhar a vida assim”. Mas logo interrompe: “Sinto muito, tenho que continuar tocando”.