Cotidiano

Depois declaração de ministro, PP fecha questão em apoio à PEC do teto

BRASÍLIA – O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PB), apagou um foco de incêndio causado pelo ministro Ricardo Barros (Saúde), garantindo ao presidente Michel Temer todos os votos do partido em apoio à PEC que estabelece teto de gastos públicos.

Em entrevista ao jornal ?O Estado de S.Paulo?, Barros afirmou não ter certeza se o projeto será aprovado pelo Congresso. Ao ler os jornais, em Nova York, quarta-feira, Temer se mostrou “irritadíssimo” com a afirmação de seu ministro, a ponto de não atender a uma ligação feita por Barros pela manhã.

Foi então que o presidente do PP entrou em campo. Nogueira telefonou para Temer e sacramentou o apoio integral de seu partido à proposta. O partido tem 47 deputados e o dirigente prometeu a Temer “fechamento de questão”, quando todos devem votar a favor de determinado projeto, ficando, os eventuais deputados contrários, sujeitos a penalidades internas.

Só depois da conversa com Nogueira, o presidente conversou, ao fim do dia, com Ricardo Barros, que se explicou sobre as declarações.

Nenhum partido aliado havia anunciado, até o momento, fechamento de questão a favor da PEC. Pela proposta, o orçamento dos próximos dez anos, prorrogável por mais dez, seria o equivalente ao desembolsado no ano anterior, corrigido pela inflação do período.

? O presidente ficou muito irritado porque esta não é a primeira nem a segunda vez que o ministro fala o que não deve. Deveria aproveitar melhor a oportunidade. O ministério da Saúde é uma Ferrari e parece estar sendo dirigida por um piloto de terceira divisão ? disse um auxiliar de Temer, expressando o incômodo com as declarações polêmicas de Barros.

No mês passado, ao lançar um programa voltado à saúde dos homens, o ministro declarou que se cuidam menos porque trabalham mais do que as mulheres. A afirmação causou revolta generalizada e Barros precisou explicar melhor suas afirmações.

Em maio, o ministro disse que a maioria das pessoas chega ao posto de saúde com “efeitos psicossomáticos” em vez de alguma doença.