Cotidiano

Depois de invasão à Câmara, dois dos 51 manifestantes ficam detidos

BRASÍLIA – Dos 51 manifestantes de extrema direita que invadiram ontem o plenário da Câmara dos Deputados, dois ainda estão detidos, segundo informações de técnicos da Casa. Os dois foram identificados como autores dos crimes mais graves, um por quebrar o vidro que dá acesso à entrada principal do plenário, e o outro por quebrar o nariz de um dos agentes do Departamento de Polícia da Câmara.

A Polícia Federal fez o termo circunstanciado de todos os 51, que foram fichados e liberados em seguida. A Câmara já recolheu os dados dos manifestantes e vai monitorar essas pessoas, caso alguma delas queira voltar à Câmara dos Deputados. Como não há ordem judicial de restrição contra eles, os manifestantes não serão impedidos de entrar, mas serão monitorados pelos agentes do Departamento de Polícia Legislativa caso retornem à Casa. A Câmara ainda estuda que medidas tomar para reforçar a segurança na entrada. Uma das possibilidades, defendida pelo presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) nesta quinta-feira foi o uso de detectores de metal na entrada da Casa.

A Câmara não identificou a participação de parlamentares na incitação do movimento de ontem. Segundo relatos de funcionários, os manifestantes usaram a tática de “formiguinha”, entrando aos poucos e por diferentes portarias da Câmara e também do Senado. Funcionários da Casa admitiram que é difícil controlar a entrada de pessoas em pequenos grupos, como ocorreu na invasão de ontem.

O grupo de manifestantes também combinou um horário para o encontro no Salão Verde e, em seguida, entrou junto no plenário, pegando os agentes de surpresa. As informações dos agentes indicam ainda que os manifestantes se comunicavam por um grupo de WhatsApp ou um grupo fechado no Facebook.

Na avaliação de funcionários que acompanharam a ocupação do plenário, não havia um líder do grupo. Muitos chamavam por um general e outros pareciam acreditam que o ato seria o estopim que deflagraria uma intervenção militar no país. De forma desconexa, condenavam “o governo comunista” e a corrupção, sem uma pauta definida.

Segundo relatos de pessoas que estavam no plenário, quando a situação saiu do controle, diante da violência de muitos do grupo, alguns manifestantes ficaram assustados, chegando a pedir ajuda à segurança para encontrar parentes. Entre os integrantes do grupo havia casais e pais e filhos que vieram juntos à Câmara.