Cotidiano

Delegado da Lava-Jato critica ?teste de integridade? proposto pelo MP

BRASÍLIA – O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, de Curitiba (PR) e que atua nas investigações da Lava-Jato, criticou a aplicação do teste de integridade a agentes públicos, uma das dez medidas anti-corrupção propostas pelo Ministério Público Federal. O teste implica em simulações de situações que testam a honestidade do servidor, para verificar se caem em alguma “pegadinha” de corrupção. Para o delegado, essa proposta precisa ser aprofundada e lembrou que os principais agentes corruptores estão na iniciativa privada, não no funcionalismo público.

? Entendo que a aceitação do teste vai necessariamente levar a novas interpretações para o conceito jurídico. Mas a grande crítica é como é apresentado. Não há como fazer, no ambiente de combate à corrupção, diferenciações. É obrigatório para uns e para outros é facultado. Existem mecanismos hoje muito eficazes. Faço outra ressalva. Os grandes casos de agentes corruptores são do ambiente privado. Não são servidores públicos. Uma grande quantidade de corruptores da Lava-Jato são agentes privados ? disse Igor Romário, em audiência pública na comissão especial da Câmara que avalia as dez medidas contra a corrupção sugeridas pelo Ministério Público Federal.

Igor de Paula citou a infiltração de agentes como um exemplo que permite a investigação dentro da estrutura crimiosa.

? A legislação atual não é inservível e tem seu valor. Precisa ser aprimorada ? disse o delegado.

Ele defendeu a figura da delação premiada e disse que os resultados obtidos com esse procedimento são a prova de seu sucesso.

? Sou testemunha de que o investimento e a aposta da colaboração premiada é algo de sucesso. Todo mundo tem a prova disso. Estamos falando da realização de mais de 70 colaborações homologadas – afirmou Igor de Paula, que ressaltou, porém, que não deve se abusar desse expediente.

? É preciso evitar que, no futuro, ocorre um número excessivo de colaboração, para não dar a sensação equivocada de impunidade – completou.

O delegado criticou o movimento de se retirar dos policiais a prerrogativa de se investigar e disse que atuação desses agentes foi importante para os resultados da Lava-Jato.

? Sou contra o movimento que cresceu de tirar dos agentes policiais a prerrogativa de dar início aos acordos de colaboração. Não faz sentido. Investigar é o dia a dia do policial. É de se imaginar que numa negociação de colaboração o investigado é acusado de uma série de crimes. E feita por pessoas sem experiência os acordos não podem sair como se espera ? afirmou.