Cotidiano

Delatores de empreiteira apontam propina a ex-governadores do AM

Em delação premiada aos investigadores da operação Lava-Jato, ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez revelearam o pagamento de propina aos ex-governadores do Amazonas Eduardo Braga(PMDB) e Omar Aziz (PSD), que, atualmente, são senadores pelo estado. As informações, do Jornal Hoje, estão nas delações de Clóvis Peixoto Primo e Rogério Nora de Sá ? as mesmas pessoas que revelaram o pagamento de propina ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, do PMDB.

Eduardo Braga, que é senador e foi ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff, afirmou, por meio de nota, que a denúncia é ?absurda? e que está indignado e se sentindo ofendido com as acusações. A assessoria de imprensa do senador Omar Aziz afirmou que não conseguiu contato com ele para responder as acusações. A Andrade Gutierrez afirmou que não irá comentar.

Segundo o Jornal Hoje, os ex-executivos revelaram que, para vencer a concorrência da obra da Arena da Amazônia, a empresa teve informações privilegiadas do governo estadual. Além disso, de acordo com os relatos, a construtora chegou a ajudar na elaboração do projeto e do edital. Segundo Clóvis Primo, a Andrade Gutierrez tinha preferência pela obra porque estava instalada há muitos anos no Amazonas.

Em relação a Braga, os delatores afirmam que havia uma combinação, que ocorreu durante os oito anos do governado do peemedebista, de pagamento de propina de 10% sobre o valor de cada obra da empreiteira, segundo o delator. De acordo com Primo, Braga fazia ameaças se houvesse atraso no pagamento da propina. “Ele era jogo duro”, afirmou. Braga teria recebido entre R$ 20 e R$ 30 milhões, segundo estimativa de Sá.

Omar Aziz

Ao detalhar a licitação da Arena da Amazônia, Primo disse ter se encontrado, em hotel em Brasília, com o sucessor de Braga no governo do estado, o senador Omar Aziz (PSD). O delator afirmou ter tentando negociar redução da propina e disse que, após fazer “um grande teatro” e ter se exaltado, Aziz aceitou a redução para 5% do valor das obras.

Segundo Sá, em outra reunião, em São Paulo, Omar Aziz pediu propina de R$ 20 milhões à construtora, alegando que a empresa tinha grande volume de obras no estado e que a verba seria usada para pagar despesas de campanha. O delator afirmou que, ao ouvir que não era possível, Omar Aziz teria insistido de modo agressivo, aumentado o tom e afirmado que, se a propina não fosse paga, o governo estadual poderia “se vingar” da Andrade Guetierrez.

A delação informa que Omar Aziz teria inclusive sugerido que a construtora executasse algum serviço de medição de terraplanagem e embutisse o valor. O total pago pela Andrade Gutierrez a Aziz somou cerca de R$ 18 milhões, segundo Sá, e teriam sido feitos pelo menos até setembro de 2011.

A Procuradoria-Geral da República ainda não pediu abertura de inquérito para investigar os dois senadores.