BRASÍLIA ? Em sua delação premiada, o empresário Alexandre Margotto relata outras irregularidades além daquelas ocorridas na Caixa. Ele citou o pagamento de propina para que recursos do Instituto de Previdência Social do Município de Macaé (Macaeprev) fossem investidos no banco BVA. A instituição financeira viria a falir em 2014. Segundo Margotto, participaram do esquema o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-deputado Adrian Mussi (PMDB-RJ).
? O Lúcio (Bolonha Funaro, que era sócio de Margotto) me chama no escritório: queria que você me ajudasse, tem uma demanda do senhor Eduardo Cunha, toca essa operação para mim, porque estou sem tempo, todo enrolado, depois a gente vê. Eu falei: OK. Na sala de reunião, conheci o deputado Adrian Mussi. Federal, se não me engano. O irmão dele era prefeito de Macaé. Estava lá a pedido do Eduardo ? explicou Margotto.
? Aí eu comecei as tratativas junto com esse Adrian Mussi. Para pegar dinheiro da Macaeprev para colocar dentro do BVA.
Segundo Margotto, a operação irregular ocorreu, mas ele não se recorda dos valores. Entre 2005 e 2012, o prefeito de Macaé foi Riverton Mussi, irmão de Adrian.
? Adrian me passou um nome de listagem de contas, nomes, CPFs e valores para pagamento, para liberação da verba da Macaé Previdência para colocar no fundo privado. Então foi um pedido de propina para liberação de recurso ? contou Margotto.
Vera Carla Silveira, advogada de Funaro, informou que já teve acesso à delação de Margotto, mas ainda não a analisou. De qualquer forma, adiantou que Funaro e Margotto são inimigos assumidos, e que isso tem que ser levado em conta. A defesa de Cunha também vem negando irregularidades envolvendo recursos do FI-FGTS. O GLOBO não conseguiu entrar em contato com Adrian e Riverton Mussi, nem com a Macaeprev.