Cotidiano

Decreto de emergência não freou escassez e inflação na Venezuela

2016 909422866-201605141658262549_AFP.jpg_20160514.jpgCARACAS – Quatro meses depois de promulgar o primeiro decreto de emergência econômica, o governo de Nicolás Maduro não conseguiu resolver as distorções econômicas, escassez de alimentos, a alta inflação ou a queda do poder aquisitivo dos venezuelanos. Para analistas como Carlos Álvarez, economista da Ecoanalítica, e Juan Pablo Olalquiaga, presidente de Conindustria, é pouco provável que a prorrogação do decreto solucione os problemas econômicos no país. Maduro 1705

Segundo eles, as medidas partem de preceitos errados, já que o governo não reconhece sua própria responsabilidade pelas políticas adotadas e continua a acusar uma suposta guerra econômica, conduzida por atores nacionais e internacionais ? que desviariam mercadorias e gerariam especulação de preços e conspirariam para a queda dos preços do petróleo.

O que o governo fez até agora foi aprovar, entre outras medidas, recursos sem consultar a Assembleia Nacional e decretar as quartas, quintas e sextas-feiras como feriados por conta da crise energética, deixando ainda sem efeito qualquer moção de censura aprovada pelo Parlamento, de maioria opositora.

Uma das mostras da pouca eficácia do decreto, indicam os economistas, é a continuidade das filas que se formam do lado de fora dos supermercados e das farmácias. Apesar de o decreto assegurar que a população ?desfrute de seus direitos e do livre acesso a bens e serviços?, as falhas de abastecimento se agravaram nos últimos meses. Em março, segundo a Ecoanalítica, a escassez atingiu 35% ? no mesmo mês no ano passado, era de 25%.

Para Olalquiaga, o desabastecimento continua porque a disponibilidade de matéria-prima não aumentou. Ao longo de quatro meses, as empresas diminuíram ainda mais os níveis de produção.

? Nenhum dos mecanismos cambiários melhorou a alocação de divisas, e a dívida com fornecedores internacionais se mantém em US$ 12 bilhões.

Outra das finalidades do decreto era mitigar os efeitos da alta inflação, o que ele também não conseguiu fazer. Segundo dados da Ecoanalítica, entre janeiro e abril deste ano, a inflação chegou a 56%. No mesmo período do ano passado, era de 35%.

Dados do Centro de Documentação e Medição de Análise Social (Cendas) mostram, ainda, que o objetivo de acabar com a especulação também foi um fracasso. Apesar da manutenção artificial dos preços de alimentos, remédios e artigos de limpeza e higiene, os consumidores são obrigados a pagar bem mais por conta da escassez. Em janeiro, a diferença entre os preços controlados e os dos mercados era de 1.405,25%; em março, chegou a 1.892,27%. Os seis principais problemas do governo Maduro