Esportes

Decisivo no Rio, ?peixinho? está dentro da lei no atletismo

Foi o ouro decidido de forma mais esquisita no atletismo olímpico, e a cena chamou a atenção do público no Engenhão e em casa. O mergulho na pista dado por Shaunae Mille, das Bahamas, para superar a americana Allyson Felix na final dos 400m, na segunda-feira à noite, repetiu a cena, minutos antes, do brasileiro João Vitor de Oliveira, agora ?João do Peixinho?, que desta forma garantiu vaga na semifinal dos 110m com barreiras. Na terça, no entanto, ele nem teve chance de repetir o mergulho, porque chegou em último em sua bateria e está fora da final, assim como Éder Souza.

APP RIO OLÍMPICO: Baixe grátis o aplicativo e conheça um Rio que você nunca viu

? Estou me despedindo completamente feliz, realizado. Não é para todo mundo. Eu não fugi da raia, tentei. Hoje eu tive uma péssima largada, mas tentei. Tenho que aprender com os erros. Levantei o tronco muito antes. Saio daqui realizado. Pude mostrar ao mundo um pouco da essência do brasileiro ? disse João.

NÃO PREMEDITADO

Na essência, o ?peixinho? não infringe nenhuma regra do atletismo e faz o atleta ganhar alguns centésimos.

? Eu jamais tinha feito o mergulho antes, não planejei e, na verdade, nem sei muito bem o que aconteceu. Eu só queria cruzar a linha em primeiro e só conseguia pensar em ganhar o ouro. A última coisa da qual eu me lembro nos últimos momentos da prova é de acabar no chão. Mas isso acontece e não dá para prever ? disse Miller depois da prova, mostrando as marcas nas pernas causadas pelas queimaduras devido ao atrito da pele com a pista do Engenhão.

O machucado inevitável é o principal motivo para que a cena não se repita com frequência. Diferentemente de Miller, João Vítor já usou a ?técnica? várias vezes, mas ele compete em provas com barreiras, em que o improviso acaba sendo mais comum.

? Acho difícil que algum atleta premedite isso. Dói muito. Nas provas com barreira acontece mais, muitas vezes o corredor já vem meio desequilibrado e com o peito projetado ? avaliou o ex-atleta e coordenador de revezamentos do Brasil, Beto Cavalheiro.

Não há proibição se algum atleta quiser a adotar a tática.

? A regra é clara. O tempo do atleta é contado entre dois momentos: a partir de quando ele sai do bloco de largada e quando seu dorso cruza a linha de chegada, não importa em que altura ? explica o professor Lauter Nogueira, comentarista do SporTV. Todos as medalhas do Brasil no Rio-2016