Cotidiano

De perfil discreto, Serraglio é visto como independente no PMDB

Serraglio.jpgBRASÍLIA ? De perfil discreto e falas moderadas, o novo ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), de 68 anos, está em seu quinto mandato como deputado federal. O auge de sua carreira parlamentar ocorreu entre 2005 e 2006, quando foi relator da CPMI dos Correios, criada a partir de denúncias de corrupção na estatal, mas que acabou investigando a existência do pagamento de um ?mensalão? para os parlamentares aprovarem medidas de interesse do governo. Mas nos últimos anos acabou marcado por sua atuação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na qual foi acusado de favorecer o então presidente da Casa, Eduardo Cunha, que o havia ajudado a chegar ao posto.

Sua gestão na CCJ teve momentos de apoio explícito ao correligionário, como quando nomeou o deputado Arthur Lira (PP-AL), também aliado do ex-presidente da Câmara, para relatar uma consulta enviada à comissão que poderia abrandar a pena de Cunha, cassado no Conselho de Ética da Câmara. O novo ministro também atuou para protelar os trabalhos da comissão e alongar o processo que Cunha respondeu no Conselho. Na época, Serraglio chegou a defender abertamente uma anistia para o correligionário, já que, segundo ele, sem Cunha não teria havido o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, do qual foi ferrenho defensor. Apesar disso, quando o processo do ex-deputado chegou ao plenário, o peemedebista votou a favor da cassação de Cunha.

Sua atuação parlamentar nos últimos anos tem um vasto leque de posicionamentos polêmicos. Ele votou a favor da urgência para o projeto que retira poderes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foi favorável, no pacote das 10 medidas de combate à corrupção, à emenda que pune juízes e procuradores por abuso de autoridade.

Na gestão Cunha, também foi favorável à aprovação de pautas conservadoras como a redução da maioridade penal e o Estatuto da Família, cujo texto reconhece o núcleo familiar como a união entre um homem e uma mulher.

Osmar Serraglio é filiado ao antigo MDB, hoje PMDB, desde 1978. Ele chegou a ser colega do presidente Michel Temer na Câmara por três mandatos e sempre teve bom relacionamento com o presidente. A relação dos dois é política, mas também acadêmica: Temer foi professor de Mestrado do novo ministro na PUC de São Paulo, o que Serraglio tem repetido a aliados ?com muito orgulho?, segundo pessoas próximas a ele.

O novo ministro é visto por deputados como um parlamentar respeitado na bancada do PMDB, mas considerado independente, alguém que não pertence a ?patotas? políticas e que não é ?enquadrável?. Um dos exemplos citados é o fato de ter se lançado candidato avulso, sem sequer consultar o partido, para a vaga de vice-presidente da Câmara. Serraglio também foi descrito como ?mais mineiro que o Rodrigo Pacheco?, uma referência ao deputado mineiro que também pleiteava a vaga para a Justiça, mas que tem perfil mais combativo que o do paranaense.

Apesar do jeito calmo ? em seu próprio perfil no Facebook é descrito como tendo posições políticas moderadas ?, protagonizou uma briga com o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que lhe acusou de ser ?subserviente? e ?bajulador? de Temer. Os ataques ocorreram na discussão, na CCJ, sobre uma PEC que pedia eleições diretas depois do impeachment de Dilma. Miro o acusou de barrar um requerimento que pedia a inclusão na pauta da CCJ da proposta.