Cotidiano

De genérico do ?Viagra? a pasta de dente, as apostas de Eike para dar a volta por cima

2015 835840296-2015 835759968-2015072492651.jpg_20150724.jpg_20150725.jpgRIO – Com a derrocada do império ‘X’, Eike Batista perdeu boa parte de seu patrimônio e o status de homem mais rico do Brasil. O potencial de sua imaginação, no entanto, cresceu na proporção inversa. Foram muitos os projetos mirabolantes que o empresário passou a avaliar para retornar ao cenário econômico nacional: da produção de um genérico do Viagra a clones de gado e até uma pasta de dente.

A produção da pasta de dente foi o projeto que mais avançou. A pasta será à base de um mineral chamado hidroxiapatita, que promete regenerar o esmalte dos dentes e torná-los mais brancos. Em análise na Anvisa, foi batizada de Elysium. No Japão, existe um produto semelhante, vendido ao equivalente a U$ 30 dólares. Aqui, Eike quer vender o tubo da Elysium a R$ 1.

A produção de um medicamento que se dissolve embaixo da língua para combater a impotência sexual também foi uma forte aposta de Eike. Um acordo de desenvolvimento teria sido firmado com uma empresa farmacêutica sul-coreana, mas o negócio não vingou segundo pessoas próximas ao empresário.

Na Coreia do Sul Eike também encontrou uma equipe de cientistas dispostas a clonar animais. Segundo a agência de notícias Bloomberg, o empresário teria interesse em clonar gado no Brasil. Uma parceria com uma empresa brasileira de biomassa, que cultiva cana-de-açúcar, também chegou a ser discutida. A ideia seria exportar a biomassa para o Reino Unido, com objetivo de ser usada em usinas para gerar eletricidade.

CRISE COMEÇOU COM EX-OGX

A opção pelos negócios ?exóticos? de Eike se dá em um momento em que a credibilidade do empresário foi fortemente abalada não apenas pelas investigações da Polícia Federal como também pela derrocada de seu império.

Seus principais negócios tinham foco em infraestrutura com cinco áreas de atuação: óleo e gás (OGX, atual OGPAR), construção naval (OSX), logística (LLX), mineração (MMX) e energia (MPX). E eram integrados de tal forma que o sucesso de um impulsionaria o desempenho do outro. Da mesma forma, o fracasso de um comprometeria os demais. Foi o que aconteceu.

No auge, as cinco principais empresas do grupo eram avaliadas em mai de R$ 100 bilhões. Mas a crise da OGX, em 2013, contaminou os demais braços do grupo. Hoje, pouco resta a Eike. O empresário vendeu a MPX (atual Eneva), para a alemã E.ON, e a LLX (atual Prumo), para a americana EIG. Esta última foi a única que conseguiu escapar da recuperação judicial. As outras quatro se viram obrigadas a buscar proteção na Justiça contra credores.

Na OGPAR, a menina dos olhos de Eike, o empresário ficará com apenas 1,5% do capital após a conclusão da negociação. O resto está nas maõs dos credores. A empresa, que Eike chamava de sua mini-Petrobras, tem apenas um campo em produção.

A MMX foi desmembrada e seus principais ativos, como o Porto Sudeste e minas em Minas Gerais, foram vendidas a grupos estrangeiros. Eike controla a holding. O empresário não conseguiu passar adiante a OSX e negocia com credores uma saída para sua dívida bilionária.